Num comunicado, a presidência síria exorta “todas as partes a darem provas de contenção e a privilegiarem a razão” na província de Sweida (sul), palco há quase uma semana de violência entre drusos e beduínos sunitas.
“As autoridades competentes estão a trabalhar no envio de uma força especial para pôr fim aos confrontos e resolver o conflito no terreno, paralelamente a medidas políticas e de segurança destinadas a estabilizar a situação e a garantir o regresso à calma” nesta cidade de maioria drusa.
Segundo a AP, que cita dois funcionários sírios que falaram sob condição de anonimato, a fim de impor estabilidade e proteger as instituições estatais as autoridades negociaram com fações drusas um acordo para regressar à zona, de onde se retiraram na quinta-feira após ser alcançada uma trégua.
As mesmas fontes adiantaram à AP que foi alcançado um acordo para envio da força, mas que a mobilização foi depois adiada, sem dar mais detalhes.
Um dia após as tropas governamentais se retirarem da zona, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) clãs beduínos e grupos da minoria drusa voltaram hoje a envolver-se em intensos confrontos na província de Sweida (sul).
Os confrontos concentraram-se na periferia ocidental da cidade de Sweida, capital da região homónima, embora também tenham sido registados outros mais esporádicos nas imediações da aldeia de Surah al Kabira, segundo a organização, baseada no estrangeiro mas que mantém uma extensa rede de fontes na Síria.
Por sua vez, a rede de ativistas locais AlSueida24 detetou confrontos em três frentes diferentes no norte, nordeste e oeste da província, bem como a mobilização de novos grupos armados de fora da demarcação administrativa para apoiar o lado beduíno.
Segundo a mesma fonte, o Hospital de Al Mazraa, uma das localidades mais afetadas, deixou hoje de funcionar, tal como já tinha acontecido há dois dias à principal unidade de saúde da província, o Hospital Nacional de Sweida.
Enquanto as autoridades continuam sem fornecer um balanço atualizado das vítimas, o ODSH elevou hoje para 638 o número de mortos nos últimos seis dias de violência, entre os quais afirmou haver 73 civis e 267 membros das forças governamentais.
Também a agência France-Presse (AFP) deu conta de novos confrontos armados na entrada oeste de Sweida.
Cerca de 200 combatentes tribais, com armas automáticas e projéteis, foram vistos pela AFP em troca de tiros com grupos drusos posicionados dentro de Sweida.
Os confrontos começaram no domingo à noite entre combatentes drusos e tribos beduínas locais, antes da intervenção das forças do governo sírio, acusadas de também terem combatido os grupos drusos.
A situação levou Israel, que apoia os drusos, a bombardear alvos de tropas governamentais em Sweida e até a sede do Ministério da Defesa sírio em Damasco, ameaçando adotar novas medidas para proteger membros da minoria drusa.
Hoje a Organização Internacional para as Migrações (OIM) indicou que quase 80.000 pessoas fugiram das suas casas na província de Sweida, na sequência da violência.
As autoridades sírias que derrubaram o regime do ex-presidente Bashar al-Assad em dezembro, lideradas pelo grupo militante islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), prometeram estabilizar a situação.
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