Por que tantos planos de desenvolvimento profissional fracassam antes mesmo de ganharem tração? A cena se repete a cada semestre: profissionais motivados abrem planilhas, definem metas ambiciosas, assinam cursos caros — e, poucas semanas depois, tudo se perde em meio a tarefas urgentes, reuniões inesperadas e o cansaço da rotina.
Para Isadora Gabriel, CHRO da Flash, plataforma de gestão da jornada de trabalho, o problema não está na falta de motivação, mas na forma como os planos são estruturados. “Desenvolver-se não é sobre ter um plano perfeito. É sobre ter um plano vivo”, afirma.
Com base em sua experiência acompanhando talentos em diferentes fases da carreira — de estagiários a executivos —, Isadora Gabriel compartilha sete dicas práticas para transformar boas intenções em progresso concreto. Confira!
1. Clareza vem antes da planilha
Antes de sair preenchendo colunas, é essencial saber para onde se quer ir. Segundo Isadora Gabriel, muitos profissionais constroem PDIs (Planos de Desenvolvimento Individual) esteticamente impecáveis, mas que ignoram uma pergunta central: “O que eu quero aprender, mudar ou conquistar nos próximos meses — e por quê?”. Planos sólidos nascem de propósito, não de templates prontos.
2. Pequenos hábitos são mais poderosos do que grandes promessas
Metas genéricas como “ser mais estratégico” ou “melhorar a comunicação” raramente saem do papel. A chave está em microações práticas e sustentáveis. “Que tal anotar três aprendizados depois de cada reunião? Ou praticar escuta ativa de forma consciente?”, propõe Isadora Gabriel, que ressalta: “O impacto está na repetição, não na grandiosidade.”
3. O emocional também é parte da performance
Competência técnica é importante, mas não suficiente. “Se você não está bem emocionalmente, se sente desvalorizado ou sem propósito, nenhuma planilha vai te salvar”, diz Isadora Gabriel. Incluir práticas de autocuidado, pausas conscientes e apoio emocional é essencial. “Autoconhecimento também é ferramenta de desenvolvimento”, explica.

4. Adapte o plano à sua rotina (e não o contrário)
Planos que desconsideram a realidade têm prazo de validade curto. “Não adianta planejar estudar uma hora por dia se sua rotina é imprevisível”, alerta. A solução é ancorar os novos hábitos em momentos já existentes, como ouvir podcasts no trânsito ou ler antes de dormir. “O melhor plano é o que cabe na sua vida real”, afirma.
5. Repertório é combustível para a evolução
Desenvolver-se não é apenas repetir comportamentos — é também ampliar horizontes. “Leia, ouça, converse com quem pensa diferente. Um bom profissional cresce quando cruza fronteiras — entre áreas, ideias e perspectivas”, afirma. Para Isadora Gabriel, um plano consistente se apoia em três pilares: dados, repertório e inteligência emocional.
6. Feedback é bússola, não termômetro
Você só sabe se está evoluindo se buscar feedbacks ao longo do caminho. “Não espere o fim do semestre para checar se deu certo”, recomenda Isadora Gabriel. Perguntas simples como “Você percebeu alguma mudança nisso que estou trabalhando?” ajudam a ajustar a rota em tempo real e manter a motivação.
7. Seu plano precisa conversar com sua carreira — não só com os feedbacks
PDIs baseados apenas em retornos pontuais de liderança costumam perder fôlego. “É claro que ouvir o outro importa, mas seu plano também deve refletir seus interesses, ambições e o que faz sentido para sua trajetória a longo prazo”, diz. Um desenvolvimento sustentável exige conexão com quem você quer ser — não só com o que esperam de você.
Mais do que metas ousadas ou checklists elaborados, o desenvolvimento profissional exige intenção, presença e prática contínua. “Não existe PDI perfeito, mas existe um plano que conversa com você, com sua fase de vida e com seus objetivos reais. E esse plano muda. Porque você muda”, conclui Isadora Gabriel.
Por Paula Oliveira