O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) foi eleito presidente do Senado neste sábado (1º) com 73 dos 81 votos, reassumindo o comando da Casa quatro anos após deixar o cargo. Seu novo mandato se estenderá pelo biênio 2025-2027. Os senadores Eduardo Girão (Novo) e Astronauta Marcos Pontes (PL), adversários no pleito, receberam quatro votos cada um.
A eleição de Alcolumbre representa uma mudança significativa na relação entre o Senado e o Palácio do Planalto. Diferentemente de seu antecessor, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o novo presidente da Casa tem maior proximidade com a oposição, o que pode dificultar a tramitação de pautas prioritárias para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nova Configuração do Senado e Desafios Políticos
A nova formação política do Senado dá sinais de que a oposição ganhará mais espaço. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocupará a vice-presidência da Casa e comandará a influente Comissão de Segurança Pública, que será presidida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Essa divisão reflete o compromisso de Alcolumbre em manter um equilíbrio entre governistas e oposicionistas, mas também impõe desafios à articulação do governo no Congresso.
Com um histórico de transitar entre diferentes grupos políticos, Alcolumbre demonstrou capacidade de negociação ao longo de sua carreira. Durante seu primeiro mandato à frente do Senado (2019-2021), teve um papel central na consolidação do poder do Congresso sobre o Orçamento, viabilizando a chamada “emenda do relator”, posteriormente conhecida como “Orçamento Secreto”. Agora, retorna ao cargo em um cenário de maior pressão por transparência e investigações da Polícia Federal sobre a destinação de emendas parlamentares.
Estratégia e Alianças Políticas
A ascensão de Alcolumbre foi marcada por um amplo apoio partidário. Dez partidos, que somam 76 senadores, respaldaram sua candidatura, incluindo o PL, PSD e Republicanos. Essa aliança pragmática reflete uma estratégia de gestão mais independente, que pode reduzir a influência direta do governo sobre as decisões do Senado.
Dentro do cargo, Alcolumbre precisará equilibrar as demandas tanto da oposição quanto do governo. Senadores governistas esperam que ele impeça medidas que comprometam o equilíbrio fiscal, enquanto oposicionistas defendem a priorização de projetos como a anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro. Além disso, o novo presidente do Senado deverá administrar as tensões em torno da execução de emendas parlamentares, um ponto de conflito recente entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
Com um perfil de articulador experiente, Alcolumbre promete manter o diálogo aberto com todas as forças políticas. Sua eleição inaugura uma nova fase no Senado, com um presidente que busca um mandato equilibrado, mas que poderá testar a capacidade de articulação do governo Lula nos próximos anos.