Ao contrário do que se via no passado, quando o salário era o principal critério na escolha de um emprego, muitos profissionais mais jovens têm dado preferência a fatores como bem-estar, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e um ambiente de trabalho mais saudável. Essa mudança mostra uma nova maneira de encarar o sucesso na carreira, baseada em valores mais ligados ao propósito de vida e à realização pessoal.
Um exemplo disso é a preferência por horários flexíveis, com muitos profissionais optando por modelo híbrido ou home office. Segundo a Michael Page, consultoria de recrutamento executivo, 56,8% dos colaboradores preferem esses formatos. A Sólides, empresa de tecnologia voltada à gestão de pessoas para PMEs (Pequenas e Médias Empresas), aponta que 44% recusam vagas por salários abaixo do mercado. Além disso, 32% citam falta de transparência nas informações das empresas. Os dados foram divulgados neste ano.
Observando esses dados, Renata Freires, especialista em gestão de pessoas e CEO da RHF Talentos, franquia de RH, pontua cinco motivos que provocam o distanciamento dos candidatos de certas vagas. Da flexibilidade às novas culturas, ela destaca que “as novas gerações trazem novos ideais, e cabe às empresas se adequarem a essa realidade”. Confira!
1. Falta de flexibilidade
Segundo Renata Freires, a flexibilidade passou de diferencial a expectativa. Modelos rígidos de trabalho não conversam mais com o estilo de vida e as prioridades de boa parte dos profissionais, especialmente das novas gerações. “Empresas que ainda resistem a esses tópicos perdem talentos antes mesmo da primeira entrevista”, completa.
2. Falta de clareza nos processos
A especialista também destaca que a comunicação sobre a vaga precisa ser direta, transparente e completa. “Quando as empresas divulgam descrições das vagas e deixam de apresentar o real escopo da função, geram desconfiança e afastam candidatos qualificados”. Ela ainda reforça que a clareza atrai alinhamento.
3. Processos seletivos muito longos e confusos
Segundo Renata Freires, quanto mais complexo e demorado for o processo seletivo, maior é a chance de perder bons profissionais para empresas mais ágeis. “Etapas excessivas, falta de retorno e testes irrelevantes não apenas frustram os candidatos, mas também prejudicam a imagem da empresa como empregadora”, explica.

4. Falta de perspectiva de crescimento
Conforme a especialista, os profissionais querem saber até onde podem chegar. Quando não existe plano de desenvolvimento, ou uma evolução clara de carreira, a vaga parece uma solução temporária. “A falta de visão futura também desmotiva e afasta os que buscam construir trajetória com propósito”, comenta.
5. Cultura organizacional
Por fim, Renata Freires pontua que cultura não é o que está na parede, mas o que se vive no dia a dia. “Instituições que vendem um discurso e praticam outro perdem rapidamente a confiança dos colaboradores. Um ambiente tóxico, inflexível ou excludente hoje é percebido e rejeitado já nas primeiras interações com o candidato”, alerta. Segundo ela, a autocrítica é fundamental nesse processo, o que também permite a atualização da própria imagem diante do mercado.
Por Nicole Loureiro