O líder do partido de esquerda Democratas, Yair Golan, apelou, esta segunda-feira, a que a guerra terminasse, apontando que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, não representa a maioria dos israelitas.
“Hoje, o governo de Israel não representa a grande maioria dos israelitas”, referiu Golan, que é também um antigo vice-chefe do exército.
As declarações surgem dias antes de, a 11 de junho, o parlamento israelita realizar uma votação que poderá resultar na dissolução do governo, e, consequentemente, em novas eleições.
Em conferência de imprensa, citada pela Agência France-Presse (AFP), Goland disse que depois de mais de 20 meses em guerra após o ataque do Hamas, Israel “devia acabar com a guerra o mais rapidamente possível.”
O partido que Golan lidera tem apenas quatro dos 120 lugares no parlamento israelita, mas, segundo aponta a AFP, as coligações são essenciais em Israel por forma a atingir maiorias na política, e assim mesmo os pequenos partidos têm um poder considerável.
Golan afirmou que representa aqueles “que querem salvar a democracia israelita de um futuro corrompido” e da “visão messiânica, nacionalista e extremista de uma fação muito pequena da sociedade israelita.”
“A grande maioria quer que Israel continue a ser a pátria do povo judeu e, ao mesmo tempo, um Estado livre, igualitário e democrático”, considerou, defendendo que acredita que um acordo para a libertação de reféns pode ser conseguido em dias.
“Acredito que, se acabarmos com a guerra e libertarmos os reféns, conseguiremos construir uma alternativa ao Hamas na Faixa de Gaza”, atirou.
Hoje, o partido judaico ultraortodoxo Shass, aliado de Netanyahu, ameaçou derrubar o governo, votando esta semana a favor de eleições antecipadas no parlamento.
O executivo de Netanyahu, um dos mais à direita da história de Israel, está ameaçado de queda devido à questão do serviço militar dos judeus ultraortodoxos, uma vez que há décadas que estes beneficiam de uma isenção cada vez menos aceite pela sociedade israelita, numa altura em que o país está em guerra contra o movimento islamista palestiniano Hamas em Gaza desde 7 de outubro de 2023.
Netanyahu tem de lidar com uma ala do seu partido, o Likud (direita), que pressiona por uma lei que vise recrutar mais ultraortodoxos e endurecer as sanções contra os insubordinados, um verdadeiro ‘casus belli’ (do latim, “caso de guerra” – expressão que se refere a um evento ou situação que justifica a declaração de guerra por um Estado) para partidos como o Shass, que representam os ‘haredim’ (“os que temem a Deus” em hebraico) e exigem uma lei que garanta de forma duradoura a sua isenção das obrigações militares.
Os dois partidos ultraortodoxos de Israel, Shass e Judaísmo Unido da Torá, são fundamentais para a estabilidade do governo de Netanyahu, e ambos têm bloqueado a atividade legislativa no país há semanas em protesto contra a lentidão do governo em aprovar o plano de isenção militar.
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