Segundo o porta-voz da Defesa Civil, Mahmoud Bassal, o incidente com as pessoas que procuravam ajuda ocorreu no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.
“As forças de ocupação [exército israelita] abriram fogo e disparam vários obuses”, durante a noite, “contra milhares de cidadãos reunidos” que esperavam a abertura dos centros de distribuição de ajuda, disse Bassal.
“As vítimas estavam à procura de ajuda alimentar e de farinha”, acrescentou o porta-voz, em declarações à agência de notícias France-Presse (AFP).
A Defesa Civil de Gaza disse que 19 pessoas foram mortas hoje em três ataques israelitas
Segundo a mesma fonte, o exército israelita fez explodir sete casas no norte do território palestiniano, em Beit Hanoun.
Contactado pela AFP, o exército israelita afirmou estar a investigar as informações relatadas pela Defesa Civil de Gaza.
Israel impôs um bloqueio total à Faixa de Gaza no início de março, enquanto as negociações para uma trégua se encontravam num impasse, e só aliviou parcialmente as restrições no final de maio.
Desde a abertura, a 27 de maio, de centros de ajuda geridos pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês) ocorreram uma série de mortes de palestinianos nos locais de distribuição.
A ONU recusa-se a trabalhar com a GHF, uma organização financiada de forma opaca e apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, devido a preocupações sobre os seus procedimentos e neutralidade.
A Defesa Civil informou na terça-feira que pelo menos 53 pessoas tinham sido mortas e mais de 200 feridas quando milhares de palestinianos se reuniram perto de um centro de ajuda no sul da Faixa de Gaza.
Quando questionado sobre os incidentes, o exército israelita explicou anteriormente que os soldados por vezes abriam fogo porque as pessoas avançavam apesar dos tiros de aviso, numa zona que afirma ter declarado como “zona de combate”.
Os palestinianos afirmam que as distribuições são caóticas e perigosas e a Defesa Civil relata quase todos os dias mortes nas imediações dos centros de entrega de ajuda.
Dadas as restrições impostas aos meios de comunicação social na Faixa de Gaza e as dificuldades de acesso ao terreno, a AFP informou que não estava em condições de verificar de forma independente os números anunciados pela Defesa Civil.
Israel lançou uma ofensiva contra Gaza depois de ter sido atacado em 07 de outubro de 2023, numa ação liderada pelo grupo extremista palestiniano Hamas, que governa Gaza desde 2007.
O ataque no sul de Israel causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns, segundo as autoridades israelitas.
O Governo do Hamas disse que a ofensiva israelita provocou mais de 55.400 mortos na Faixa de Gaza, além da destruição de grande parte das infraestruturas do território.
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