Internacional

“Capitais europeias estão alarmadas e a aumentar a beligerância”

Alexander Grushko, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, acusou o Ocidente de estar a criar uma “mistura explosiva” com “políticas hostis e planeamento militar”, criticando ainda a Europa, onde diz pairar uma ameaça face à perspetiva de uma relação mais saudável entre a Rússia e os Estado Unidos.

 

Esta posição foi partilhada na Conferência Anual de Análise da Segurança da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que acontece em Viena, de acordo com a agência estatal russa TASS. 

É óbvio que as políticas hostis e o planeamento militar, implementados em estratégias e planos rígidos, representam uma mistura explosiva que pode explodir a qualquer momento. Estamos a monitorizar cuidadosamente tudo isto, tomando todas as medidas necessárias para eliminar estas tentativas do Ocidente, assegurando firmemente os nossos legítimos interesses de segurança”, disse o diplomata russo. 

Segundo Alexander Grushko, o Ocidente está a usar a Ucrânia para conter Moscovo. 

“Esta linha política do Ocidente não prevê e não pode prever o estabelecimento da paz na Ucrânia, que está a ser usada como um bem dispensável para conter a Rússia”, atirou, segundo cita a TASS. 

Além disso, considerou pairar na Europa uma ameaça “terrível”: a perspetiva de uma relação mais saudável entre a Rússia e os Estado Unidos.

“Praticamente todas as capitais europeias estão alarmadas e a aumentar a beligerância, incluindo na questão ucraniana”, considerou.

“Isto é incompreensível, porque as relações normais entre duas potências nucleares que são particularmente responsáveis pela manutenção da paz e da segurança não só servem como garantia de paz e estabilidade na Europa, mas são também uma das principais condições de sustentabilidade do continente num mundo multipolar”, completou.

De recordar que a ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os comentários de Alexander Grushko foram feitos no segundo e último dia da cimeira da NATO, que Haia, da qual saiu um compromisso entre os 32 países aliados para gastarem mais em defesa face à instabilidade geopolítica mundial.

A reunião aconteceu numa altura de contínua guerra na Ucrânia, mas também de fortes tensões no Médio Oriente.

O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, que chegou a Haia com o compromisso de atingir os 2% do PIB este ano, adiantou que Portugal terá que reforçar em cerca de mil milhões de euros a verba para a área da Defesa até ao final de 2025, e que tal será feito através de “valorização de recursos humanos”, antecipação de algumas metas da Lei de Programação Militar (LPM) e investimento em infraestruturas.

O Governo está também a calcular que despesas já existentes pode reclassificar para incluir no bolo da NATO.

Montenegro, que admitiu que está em causa um objetivo difícil, estimou que, nos próximos quatro anos, Portugal andará “acima dos 2% do PIB” com uma “evolução gradual ascendente” para em 2029 estar em posição de poder cumprir os 3,5% em 2035.

Os aliados saem de Haia com uma revisão intercalar agendada para 2029, ano em que termina o segundo mandato presidencial de Donald Trump e que a Casa Branca terá um novo inquilino.

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