Estudo recente da Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio) identificou a necessidade de o Brasil consolidar ainda mais suas atenções às exportações de proteína com valor agregado, diante da competitividade da produção brasileira e a política nacional de biocombustíveis, que estimula diretamente a cadeia de proteínas.
Com a política pública do Combustível do Futuro, contudo, isso irá se intensificar. A partir de um cronograma previsível de aumento da mistura de biodiesel no diesel fóssil, produziremos mais farelo de soja, estimulando a indústria de proteína animal e abrindo exportação de produtos com valor agregado.
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No entanto, sem uma política de Estado sobre as exportações, que vise combater o protecionismo, desburocratizar processos e dar protagonismo à carne brasileira, essa política será enfraquecida. Segundo o estudo, a agroindústria brasileira observa um futuro promissor a partir da diversificação da matriz de exportações, e a cadeia da soja terá um papel fundamental nisso.
Poderemos abrir mercados mais vultosos em economias emergentes e desenvolvidas, podendo ampliar as possibilidades de embarques para mercados como Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido, levando produtos com maior valor agregado que vão além das commodities tradicionais.
Na América Latina, por exemplo, podemos consolidar a posição do Brasil frente ao Paraguai e Argentina como principal parceiro comercial, uma vez que já somos responsáveis pelo total de 24,21% e 23,51% do total das importações nesses países, respectivamente.
Por outro lado, nas economias mais desenvolvidas, como EUA, Alemanha, França e Reino Unido, a participação do Brasil nas importações ainda é bastante baixa, variando de 0,45% a 1,32%. Isso ocorre mesmo com a exportação consistente de produtos como soja, café, celulose, minério de ferro e itens agroindustriais.
Na Ásia, a China se mantém como um parceiro estratégico, sendo o principal destino para as commodities agrícolas e minerais do Brasil. No entanto, representa apenas 4,79% do total das importações chinesas, indicando espaço para aumentar a oferta de alimentos processados e produtos mais elaborados.
Outros mercados emergentes também vêm ganhando destaque nas metas de expansão do comércio brasileiro. Países como Vietnã, Indonésia, Filipinas, Polônia, Romênia, Bulgária e Guiana apresentam economias em crescimento e uma demanda crescente por alimentos e insumos agrícolas. A Guiana, por exemplo, que teve um aumento de 758% no PIB per capita nas últimas duas décadas, já importa 6,35% de seus produtos do Brasil. Esses mercados representam oportunidades valiosas para o Brasil ampliar sua presença, aproveitando o crescimento econômico e a crescente necessidade de produtos brasileiros.
O estudo também ressalta que o avanço nas exportações está diretamente ligado ao fortalecimento de acordos comerciais, à redução de tarifas e barreiras sanitárias, além de uma maior integração do país ao comércio global. A recente negociação para a abertura do mercado de carne no Vietnã serve como modelo para que o Brasil possa conquistar novos destinos, agregar valor às suas exportações e diversificar sua rede de parceiros comerciais.
Mas é preciso reforçar: para figurarem como grandes fornecedores de proteína animal para o mundo e, consequentemente, como responsáveis pelo enfrentamento da inflação global, é necessário que o Congresso discuta, ao lado da sociedade organizada, uma política clara e eficaz de exportações.
Só assim daremos a segurança jurídica e os estímulos necessários para que nossas cadeias produtivas explorem ainda mais o potencial exportador do país.

*Alceu Moreira é deputado federal (MDB-RS) e presidente da Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio)
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