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Hutis anunciam disparo de míssil para Israel contra “crimes” em Gaza

Em Israel, as sirenes de alerta foram ativadas em várias regiões após o disparo de um míssil a partir do Iémen, informou o exército, sublinhando que “o míssil foi muito provavelmente intercetado com sucesso”.

 

Em comunicado, o porta-voz militar dos hutis, Yahya Saree, anunciou o “disparo de um míssil balístico contra um alvo sensível do inimigo israelita em Beersheva (sul), em apoio ao povo palestiniano oprimido e em resposta aos crimes do inimigo sionista contra civis em Gaza”.

“A operação atingiu com êxito o seu objetivo”, afirmou.

Este foi o primeiro ataque com mísseis anunciado pelos hutis contra Israel desde a entrada em vigor, em 24 de junho, do cessar-fogo entre Israel e o Irão, aliado dos rebeldes iemenitas, após 12 dias de guerra.

Os hutis, que ocupam vastas áreas do Iémen, lançaram dezenas de ataques com mísseis e drones contra Israel desde o início da guerra em Gaza, desencadeada por um ataque do movimento islamita palestiniano Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023.

Estes rebeldes, que se dizem solidários com os palestinianos, atacaram também navios ligados a Israel ao largo do Iémen, e depois navios americanos, antes de concluírem um acordo de cessar-fogo com Washington, no início de maio, que pôs fim a semanas de ataques americanos.

Durante a guerra entre o Irão e Israel, os hutis ameaçaram atacar navios norte-americanos no Mar Vermelho.

Hoje, o porta-voz dos hutis afirmou que os ataques contra Israel “vão continuar até que a agressão contra Gaza cesse e o cerco ao território seja levantado”.

Em resposta aos disparos dos hutis, o exército israelita efetuou vários ataques contra alvos rebeldes no Iémen, incluindo portos e o aeroporto da capital Sana, segundo a agência AFP.

Entretanto, o Qatar, país mediador entre Israel e o Hamas na guerra em Gaza, sublinhou a “janela de oportunidade” criada pelo cessar-fogo entre o Irão e Israel, para alcançar uma trégua no território palestiniano.

Em entrevista à AFP, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed al-Ansari, afirmou que Doha e outros mediadores em Washington e no Cairo estão agora a tentar “utilizar o impulso criado pelo cessar-fogo entre o Irão e Israel para relançar as conversações sobre Gaza”.

“Se não aproveitarmos esta janela de oportunidade e este impulso, será uma oportunidade perdida entre muitas outras no passado próximo. Não queremos que isso volte a acontecer”, disse Majed al-Ansari, que é também conselheiro do primeiro-ministro do Qatar.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na sexta-feira que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza está “próximo” e poderá entrar em vigor “na próxima semana” para pôr fim à guerra devastadora que assola o território palestiniano há mais de 20 meses.

Al-Ansari explicou que não existe atualmente uma ronda de negociações entre as partes, mas que o Qatar está “fortemente envolvido em discussões com cada uma das partes separadamente”.

Há meses que os mediadores estão envolvidos em negociações com Israel e o Hamas com o objetivo de pôr termo à guerra.

Uma trégua de dois meses, garantida quando Trump assumiu o cargo em janeiro, entrou em colapso em março, uma vez que Israel intensificou desde então as suas operações militares na Faixa de Gaza.

“Vimos a pressão americana e o que ela pode alcançar”, disse Ansari, referindo-se à trégua de janeiro que permitiu a libertação de dezenas de reféns detidos pelo Hamas em troca de centenas de prisioneiros palestinianos.

No contexto da intervenção dos Estados Unidos a favor de um cessar-fogo entre Israel e o Irão, não é “rebuscado”, na sua opinião, pensar que a pressão exercida por Washington poderia permitir obter uma nova trégua em Gaza.

“Estamos a trabalhar em estreita colaboração com eles para garantir que a comunidade internacional no seu conjunto, e os Estados Unidos em particular, exerçam a pressão necessária para levar as duas partes à mesa das negociações”, afirmou Ansari.

O Presidente dos Estados Unidos telefonou ao Emir do Qatar para lhe dizer que “existe uma possibilidade de estabilidade regional (…) e que Israel concordou com um cessar-fogo”.

“O Qatar poderia ter decidido fazer uma escalada”, disse Ansari, “mas como havia uma hipótese de paz, optámos por esta solução”, acrescentou.

O Irão lançou o seu ataque contra a base americana no Qatar um dia depois de os Estados Unidos terem bombardeado três instalações nucleares iranianas.

Um cessar-fogo entre o Irão e Israel, anunciado pelo Presidente Donald Trump, entrou em vigor na terça-feira passada, após uma guerra de 12 dias desencadeada por Israel.

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