“Enquanto as famílias lutam contra um trauma duradouro, enfrentam também novos esforços por parte de altos funcionários — em algumas partes da região — para negar os crimes e glorificar indivíduos condenados por genocídio e crimes contra a humanidade”, lamentou a diretora regional adjunta da Amnistia Internacional para a Europa, Dinushika Dissanayake, em comunicado hoje divulgado.
“A negação do genocídio não é apenas um profundo insulto às vítimas e às suas famílias, é também uma rejeição das decisões definitivas dos tribunais internacionais que estabeleceram, sem margem para dúvidas, que os atos cometidos em Srebrenica constituíram genocídio”, defendeu.
A diretora da organização de defesa dos direitos humanos referia-se ao massacre em Srebrenica, onde mais de 8.000 homens e rapazes muçulmanos bósnios foram mortos pelo Exército Sérvio da Bósnia.
Dinushika Dissanayake, que estará presente na cerimónia que hoje será realizada, explicou que assinalar a dará serve para honrar a memória das vítimas, mas também para prestar homenagem às suas famílias e a organizações como as ‘Mães de Srebrenica’, “que passaram as últimas três décadas numa busca incansável por verdade, justiça e reparação”.
“Embora muitos perpetradores tenham sido levados à justiça, o aniversário é uma lembrança dolorosa de que quase 1.000 pessoas presumivelmente mortas em Srebrenica, em 1995, ainda estão desaparecidas”, referiu a responsável.
“As suas famílias”, acrescentou, “continuam a viver sem respostas, incapazes de enterrar os seus entes queridos ou obter algum sentido real de encerramento”.
O massacre de Srebrenica aconteceu de 10 para 11 de julho de 1995, quando unidades do Exército Sérvio da Bósnia (VRS) atacaram a região, na Bósnia-Herzegovina, que era uma “zona segura” designada pela ONU, matando 8.373 bósnios muçulmanos.
O massacre foi o pior em solo europeu desde a II Guerra Mundial e, em 2007, o Tribunal Internacional de Justiça decidiu que o massacre de Srebrenica constituiu um genocídio.
Na terça-feira, vários sobreviventes juntaram-se a responsáveis da ONU na Assembleia Geral das Nações Unidas para pedir que se combate a negação do massacre e que seja promovida uma paz duradoura.
Apesar de os corpos de mais de 7.000 vítimas terem sido exumados, identificados e enterrados, há mais de 1.000 desaparecidos ou não identificados e mantêm-se diversos casos pendentes nos tribunais nacionais da Bósnia-Herzegovina.
Em maio do ano passado, a Assembleia Geral da ONU designou o dia 11 de julho como o Dia Internacional de Reflexão do Genocídio de 1995 em Srebrenica.
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