Nos últimos anos, o conceito de “filme-evento” está se tornando menos frequente nas salas de cinema ao redor do mundo. Este termo costuma se referir àquelas grandes produções que mobilizam públicos diversos e lotam sessões, como ocorreu com lançamentos de franquias populares. No entanto, mudanças no comportamento da audiência e no mercado audiovisual ajudam a explicar esse fenômeno.
Uma análise realizada pela Motion Picture Association (MPA) em 2024 aponta uma queda de 21% nas receitas globais oriundas de blockbusters em comparação com o início da década.
Entre 2010 e 2019, franquias como Vingadores: Ultimato e Star Wars: O Despertar da Força exemplificaram o sucesso dos filmes-evento, atraindo multidões e impulsionando campanhas publicitárias massivas. Poucos anos depois, títulos como Avatar: O Caminho da Água e Barbie pareceram retomar o apelo, mas a frequência e o impacto desses lançamentos diminuíram consideravelmente.
Quais fatores explicam a diminuição dos filmes-evento no cinema?
A popularização dos serviços de streaming modificou a maneira como o público consome filmes, reduzindo a necessidade de comparecer presencialmente às sessões. De acordo com pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2023, 65% dos brasileiros preferem assistir lançamentos pelo streaming quando comparados à ida ao cinema. Isso afeta diretamente a viabilidade financeira dos blockbusters, que dependem de grandes bilheterias para cobrir altos custos de produção e marketing.
Outro fator relevante é o aumento nos preços de ingressos e produtos nas bombonieres, tornando a experiência no cinema menos acessível. Ao mesmo tempo, há uma fragmentação nas preferências de entretenimento do público, com maior busca por narrativas originais e formatos inovadores oferecidos em plataformas digitais. O impacto da pandemia de COVID-19, registrado em relatório do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (2022), também acelerou esse processo, levando muitos estúdios a repensar estratégias de lançamento.
Aos poucos, o modelo dos filmes-evento dá lugar a lançamentos que priorizam experiências mais segmentadas, com menor dependência dos grandes sucessos de bilheteria. Essa mudança pode representar novas oportunidades para o cinema, apesar do sentimento de nostalgia associado à era dos grandes lançamentos coletivos.
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