De acordo com a Associated Press (AP), os resultados preliminares mostram que as tentativas de destituição não conseguiram remover nenhum dos parlamentares do KMT, por uma margem considerável.
Outros sete deputados da oposição deverão enfrentar votações semelhantes em 23 de agosto, depois de Taiwan ter começado hoje a votar em referendos em mais de 20 círculos eleitorais.
Se os resultados da votação de agosto também forem desfavoráveis ao Partido Democrático Progressista (DPP), atualmente no Governo, poderá sinalizar uma forte resistência ao executivo do Presidente taiwanês, Lai Ching-te, antes das próximas eleições presidenciais, previstas para 2028.
À AP, um professor de Ciência Política na Universidade Nacional de Taiwan e especialista em eleições taiwanesas afirmou que aqueles que apoiam a revogação enfrentam uma “batalha difícil” para tentar destituir os deputados em distritos bem organizados e fortemente pró-KMT.
Lev Nachman vincou que resultado tornará ainda mais difícil para Lai avançar com a sua agenda, especialmente antes das eleições locais do próximo ano.
A votação foi encerrada às 16:00 (09:00 em Lisboa). A Comissão Eleitoral Central de Taiwan anunciará os resultados oficiais em 01 de agosto.
As mesas de voto abriram hoje às 08:00 (meia-noite em Lisboa), informou a agência de notícias taiwanesa CNA, com longas filas em distritos como Banqiao, na cidade de Nova Taipé, onde o partido da oposição KMT elegeu vários deputados em 2024.
Os referendos de destituição — uma novidade na democracia taiwanesa — exigem o apoio de 40% dos eleitores registados em cada círculo para serem aprovados. Em caso de sucesso, terão lugar eleições parciais, nas quais todos os partidos poderão apresentar candidatos.
O DPP venceu as presidenciais de janeiro, mas ficou em minoria no Parlamento, com 51 dos 113 assentos. O KMT, favorável a relações mais próximas com a China continental, e o Partido Popular de Taiwan (TPP) detêm atualmente 62 lugares.
Desde então, o bloco opositor tem travado iniciativas do Governo, incluindo o orçamento da Defesa, o que é visto como um entrave à resposta de Taiwan perante a ameaça militar da China, que considera a ilha parte do seu território.
Para ter a esperança de assumir o controlo do Parlamento, o partido do chefe de Estado precisa de contar com a destituição de pelo menos 12 parlamentares do KMT — um cenário com 60% de probabilidade, segundo o Eurasia Group.
A oposição acusa o DPP de tentar obter uma maioria pela via administrativa e de minar o sistema multipartidário, enquanto os promotores das destituições apontam a proximidade do KMT à China, alegando corrupção e falta de cooperação institucional.
A questão chinesa dominou o debate, com Pequim a classificar os referendos como “fúteis” e a reiterar a inevitabilidade da “reunificação”, por meios pacíficos ou militares.
Políticos do KMT foram criticados por viagens à China e encontros com autoridades chinesas, defendendo-se como necessários para manter canais de comunicação.
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