“Muito mais do que a minha entrada nos Países Baixos, importa-me que os meus filhos, netos e bisnetos, e os de todos os judeus do mundo, possam viver no Estado de Israel em segurança durante décadas e séculos”, disse o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, na rede social X, acrescentando: “Mesmo que isso signifique enfrentar o mundo inteiro”.
O governante, um dos membros da ala de extrema-direita da coligação liderada por Benjamin Netanyahu, acusou os Países Baixos de se renderem às “mentiras do Islão”.
Smotrich argumentou que “a julgar pela hipocrisia europeia e pela rendição dos seus líderes ao islamismo radical”, bem como pelo “crescente antissemitismo”, os judeus não poderão viver em segurança no futuro, nem nos Países Baixos nem no resto do continente europeu.
Por outro lado, o ministro da Segurança Nacional, Ben Gvir, garantiu que, mesmo que seja impedido de entrar “em toda a Europa”, continuará a agir “pelo bem” de Israel, exigindo que o movimento islamita palestiniano Hamas seja “esmagado”.
“Num lugar onde o terrorismo é tolerado e os terroristas são acolhidos, um ministro judeu de Israel é indesejável, os terroristas são livres e os judeus são boicotados”, afirmou, sobre a decisão das autoridades neerlandesas.
Numa declaração, o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos, Caspar Veldkamp, anunciou ter decidido “declarar os ministros israelitas Smotrich e Ben Gvir ‘persona non grata'”, além de registar ambos como “estrangeiros indesejáveis no sistema de registo Schengen [espaço europeu de livre circulação]”.
Para o executivo dos Países Baixos, os dois ministros israelitas incitaram repetidamente a violência dos colonos israelitas contra a população palestiniana e defenderam – de forma constante – a expansão dos colonatos “ilegais”, assim como apelaram à “limpeza étnica” na Faixa de Gaza.
Os Países Baixos também salientaram na sua declaração que Smotrich não deve retirar a isenção bancária nos territórios palestinianos ocupados, como pretende, e deve transferir as receitas da liquidação para a Autoridade Palestiniana.
O executivo neerlandês reafirmou igualmente o seu objetivo de limitar as exportações de armas para Israel.
O Governo também convocou o embaixador israelita, dada a situação humanitária “intolerável e indefensável” na Faixa de Gaza, para o recordar das obrigações de acordo com o direito internacional humanitário.
No âmbito europeu, os Países Baixos querem a suspensão da parte comercial do acordo de associação com Israel se a Comissão Europeia concluir que Israel não está a cumprir os compromissos humanitários, e pressionarão Bruxelas para que proponha medidas comerciais contra a importação de bens provenientes de colonatos ilegais.
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