A transferência, confirmada pelo BOP à EFE, teve lugar após Maxwell ter sido ouvida na semana passada pelo procurador-geral adjunto dos Estados Unidos, Todd Blanche, e numa altura em que congressistas em Washington também pretendem chamá-la a prestar depoimento sobre o caso de que o Presidente Donald Trump tem tentado distanciar-se, sem sucesso.
“Podemos confirmar que Ghislaine Maxwell está sob custódia do BOP no Campo Prisional Federal (FPC) Bryan, em Bryan, Texas”, informou o gabinete, sem fornecer mais detalhes sobre a transferência de Tallahassee.
A prisão de Bryan é designada pelo BOP como “um campo prisional federal de segurança mínima” com 635 reclusas no condado de Brazos, no sul do Texas.
O advogado de Maxwell, David Markus, também confirmou a transferência, escusando-se a dar pormenores.
A confirmação pelo Departamento Federal de Investigação (FBI) e o Departamento de Justiça (DOJ), no início deste mês, de que não havia provas da existência de uma “lista de clientes” chantageados por Epstein, e que a morte do pedófilo numa prisão federal em 2019 resultou de suicídio, levou a uma crise entre os membros do movimento MAGA (“Make America Great Again”, “Tornar a América Grande de Novo”) de Donald Trump.
Sob pressão de segmentos conspiracionistas da sua base política para divulgar mais informações sobre o caso Epstein, criminoso sexual com quem manteve relações próximas durante décadas, Trump negou o conhecimento ou o envolvimento nos crimes de Epstein e disse que terminou a amizade há anos.
A equipa de defesa de Maxwell, que cumpre uma pena de 20 anos de prisão por tráfico sexual, respondeu com uma lista de condições ao pedido feito na semana passada pelo presidente da Comissão de Supervisão da Câmara de Representantes, James Comer, que a intimou a depor a 11 de agosto para fornecer novas informações sobre o caso.
Como principal pedido, o advogado David Markus exigiu que fosse concedida imunidade a Maxwell e que a comparência se realizasse em Washington e não na prisão.
“Se a senhora Maxwell recebesse clemência, estaria disposta e ansiosa por testemunhar aberta e honestamente em público perante o Congresso em Washington, D.C.. E congratula-se com a oportunidade de partilhar a verdade”, refere a carta partilhada pelo jurista.
Como segunda condição, o advogado de Maxwell solicitou que o Congresso lhe fornecesse antecipadamente as perguntas a colocar à sua cliente, para que se pudesse preparar “de forma significativa” e preparar documentos para corroborar as suas respostas.
Por fim, solicitou que a audiência se realizasse após o Supremo Tribunal ter considerado a revogação da condenação, argumentando que Epstein fez um acordo em 2007 no Distrito Sul da Florida, no qual o governo “concorda em não apresentar qualquer acusação criminal contra qualquer potencial cúmplice”.
“Ela merece compensação. Estamos abertos a trabalhar com a comissão para encontrar um caminho a seguir que respeite os seus direitos constitucionais e lhe permita auxiliar o povo americano e a comissão nesta importante missão de supervisão”, concluiu a defesa.
Na segunda-feira, o advogado de Ghislaine Maxwell apresentou nova argumentação escrita em apoio do recurso da sua cliente para o Supremo Tribunal, procurando rejeitar as acusações que levaram à sua condenação em 2022 a 20 anos de prisão por tráfico sexual.
Critica especificamente o Departamento de Justiça por se opor a este recurso ao tentar “criar uma distração com uma recitação escabrosa e irrelevante das ações de Jeffrey Epstein”.
De acordo com o Wall Street Journal, foi Ghislaine Maxwell quem recolheu cartas de Trump e de outros parceiros de Epstein para as incluir num álbum como presente.
Por divulgar a alegada carta a Epstein, cuja autoria nega, Trump processou o WSJ, a News Corp, grupo que inclui o jornal, e o seu proprietário, Rupert Murdoch.
O jornal de referência da Newscorp declarou que vai “defender-se vigorosamente” contra o Presidente norte-americano, mantendo total confiança no rigor e exatidão das informações publicadas.
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