“Aqueles que pedem hoje o fim da guerra sem uma derrota para o Hamas não apenas fortalecem a posição do Hamas e atrasam a libertação dos nossos reféns, mas também garantem que os horrores de 7 de outubro se repetirão continuamente, e que teremos que travar uma guerra sem fim”, acusou Netanyahu na reunião semanal de gabinete.
A reunião do executivo decorreu numa altura em que foi convocada uma greve geral e milhares de pessoas saíram para as ruas para protestar, bloqueando estradas, para exigir o fim da guerra na Faixa de Gaza e o regresso dos reféns ainda detidos no enclave palestiniano — cerca de 50, dos quais se estima que 20 estejam vivos.
Netanyahu considerou que esses protestos “estão a garantir que os horrores de 7 de outubro se repitam e que teremos que travar uma guerra sem fim”, aludindo ao ataque sem precedentes do Hamas, em 2023, em território israelita, que fez cerca de 1.200 mortos e perto de 250 reféns.
“Tanto para promover a libertação dos nossos reféns quanto para garantir que Gaza não represente mais uma ameaça para Israel, devemos concluir a tarefa e derrotar o Hamas”, afirmou.
O primeiro-ministro israelita defendeu a decisão, tomada há pouco mais de uma semana, de ocupar a cidade de Gaza e a área de Mawasi, onde vivem mais de um milhão de pessoas que seriam deslocadas para o sul, afirmando que o seu Governo está “determinado a implementá-la”.
Sobre a possibilidade de um cessar-fogo em Gaza, que as famílias dos reféns exigem, Netanyahu indicou que o Hamas atualmente recusa-se a aceitar uma das condições de Israel: manter o controlo de segurança na Faixa.
“O Hamas exige exatamente o oposto. Quer que nos retiremos completamente de toda a Faixa”, explicou, uma condição que Israel não aceita porque, segundo o primeiro-ministro, isso facilitaria a reorganização do grupo islamita e o regresso de ataques contra Israel.
Recentemente, uma delegação do Hamas viajou para o Cairo para conversar com mediadores sobre um acordo de trégua, naqueles que são os primeiros contactos anunciados para um cessar-fogo desde a última ronda de negociações indiretas realizadas no Catar em julho entre representantes de Israel e do movimento que controla Gaza, e que foram suspensas devido a acusações mútuas.
A operação militar israelita desencadeada após o ataque de Hamas causou já mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas, perante acusações de genocídio por vários países e organizações.
A ONU tem alertado para uma situação de fome generalizada no enclave, onde Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária desde há meses e que retomou recentemente, apesar de a União Europeia e organizações humanitárias reclamarem que a quantidade é insuficiente para suprir as necessidades da população de mais de dois milhões de pessoas.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista.
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