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Incêndios. Quatro ministros espanhóis ouvidos no Senado esta semana

O Partido Socialista (PSOE) está à frente do Governo de Espanha e o Partido Popular (PP de direita) lidera os executivos regionais das três comunidades autónomas mais atingidas pelos incêndios deste verão: Galiza, Extremadura e Castela e Leão.

 

A coordenação do combate aos incêndios e a tutela da proteção civil cabe, em Espanha, aos governos regionais, que podem pedir meios ao Estado central ou solicitar à Proteção Civil nacional que mobilize ajuda de outras comunidades autónomas.

Na última semana, surgiram críticas do PP ao governo, liderado por Pedro Sánchez, de que não foram mobilizados de forma expedita os meios solicitados pelas regiões ou de demora na ativação do mecanismo europeu de proteção civil.

Governo “chegou tarde” e não houve planeamento de prevenção

Os socialistas e o governo têm rejeitado a acusação, dizem que foram disponibilizados todos os meios do Estado às regiões, garantem que foi mobilizada ajuda nacional e internacional ainda antes dos pedidos das comunidades autónomas e denunciam falhas na coordenação no terreno.

“O governo chegou tarde e houve falta de planeamento, de prevenção e de compromisso nos primeiros dias de incêndios florestais”, disse na segunda-feira o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo.

Apesar de as competências serem das comunidades autónomas, “que as exerceram”, e de os presidentes regionais terem trabalho “até à extenuação”, o dispositivo de meios nacionais, incluindo as Forças Armadas, e internacionais “corresponde exclusivamente ao governo de Espanha” e era Sánchez quem “tinha de se pôr à frente da crise”, acrescentou Feijóo.

Partido Popular apresenta 50 propostas de resposta aos fogos

O líder do PP apresentou 50 propostas relacionadas com os incêndios, entre elas, a definição de critérios “objetivos, transparentes e vinculantes” para responder de forma automática aos fogos sob coordenação de profissionais.

O objetivo é agilizar a coordenação e impedir que as emergências de proteção civil se transformem em conflitos políticos ou conflitos entre governo central e governos regionais, afirmou.

É com base nestes argumentos que o PP chamou com urgência quatro ministros ao Senado, a câmara alta das Cortes espanholas, onde tem maioria absoluta.

O partido apresentou os mesmos requerimentos no parlamento (o Congresso dos Deputados, a câmara baixa das Cortes), onde não tem maioria absoluta, pelo que se espera que sejam rejeitados numa votação hoje pela ‘geringonça’ que apoia o Governo de Sánchez.

Irão esta semana ao Senado as ministras da Defesa (hoje) e do Ambiente (quarta-feira) e os ministros da Administração Interna (quinta-feira) e da Agricultura (sexta-feira).

A ministra da Defesa, Margarita Robles, apelou na segunda-feira para a responsabilidade e “a consciência” dos presidentes das autonomias lideradas pelo PP, a quem acusou de, em alguns casos, “não assumirem as obrigações” em termos de prevenção de combate dos fogos.

“Sejam corajosos” e “digam a verdade” sobre a gestão dos fogos, pediu Robles, antes de realçar “o silêncio” em que se têm mantido os líderes regionais e de considerar que talvez se deva à pressão da direção do PP e Feijóo.

“Peço, por favor, que haja honestidade na política e que não se falte à verdade”, insistiu a ministra, que defendeu o trabalho dos milhares de militares enviados para o terreno e reiterou que foram colocados à disposição das regiões todos os meios das Forças Armadas.

“Os presidentes autonómicos sabem perfeitamente que estivemos presentes desde o primeiro momento”, sublinhou.

Os fogos mataram quatro pessoas e já queimaram cerca de 400 mil hectares em Espanha em 2025, um recorde anual no país, de acordo com os dados, ainda provisórios, do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que tem registos comparáveis desde 2006.

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