Segundo o jornal The Times of Israel, que cita relatos da imprensa árabe, muitos palestinianos começaram a sair de Gaza em direção ao sul em antecipação da anunciada ofensiva de Israel para conquistar a principal cidade do enclave.
As autoridades egípcias temem que os palestinianos possam tentar fugir da Faixa de Gaza pela fronteira para o Egito, de acordo com meios de comunicação árabes.
Uma autoridade egípcia que pediu para não ser identificada disse a um canal do Qatar que o Cairo vê a possível chegada em massa de habitantes de Gaza ao Sinai como uma potencial ameaça à segurança do país.
A acontecer, criaria uma crise humanitária e de segurança na região do Sinai, disse a fonte, indicou o jornal israelita em língua inglesa.
Fontes egípcias disseram ao canal de notícias do Qatar que o envio de tropas também serve para enviar uma mensagem a Israel de que rejeita qualquer tentativa de deslocar à força palestinianos para outros países, incluindo o Egito.
“Cerca de 40.000 soldados egípcios estão agora posicionados na região norte do Sinai, prontos para defender a fronteira de 12 quilómetros que separa o Egito da Faixa de Gaza”, disse o jornal israelita, citando a imprensa árabe.
Em resposta a uma pergunta da emissora pública israelita Kan, o exército disse que “qualquer destacamento de capacidades militares no Sinai é realizada em coordenação com as IDF [Forças de Defesa de Israel] e a cúpula política”.
O posto fronteiriço de Rafah, que liga a península do Sinai à Faixa de Gaza, era o principal ponto de entrada de ajuda no território palestiniano, mas tem estado praticamente encerrado desde o início da ofensiva israelita, em outubro de 2023.
O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, receia que o Sinai se torne um local de confronto entre fações palestinianas e Israel se o Egito deixar entrar centenas de milhares de pessoas que queiram fugir das tropas israelitas.
A imprensa israelita também noticiou que o gabinete de segurança se vai reunir hoje em Jerusalém, pelas 16:00 (14:00 em Lisboa), para discutir Gaza e os esforços para chegar a um acordo sobre os reféns.
A reunião foi convocada pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, na segunda-feira à noite, horas depois do ataque israelita contra o Hospital Nasser de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, que causou 20 mortos, incluindo cinco jornalistas.
O gabinete do primeiro-ministro recusou-se a dizer se Netanyahu levantará a questão da proposta de libertação gradual dos reféns que o Hamas disse ter aceitado na semana passada, indicou o jornal The Times of Israel.
Após o anúncio do Hamas, Netanyahu disse que deu instruções aos negociadores israelitas para que retomassem as conversações para alcançar um acordo abrangente que garantisse a libertação dos reféns e o fim da guerra nos termos de Israel.
Ao mesmo tempo, reiterou o compromisso com o plano aprovado pelo Governo para assumir o controlo da cidade de Gaza, acrescentou o jornal.
A reunião de hoje vai realizar-se sob a pressão de manifestações convocadas pelo Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos, que representa a maioria dos familiares das pessoas raptadas nos ataques do Hamas de 07 de outubro de 2023.
Vários grupos de manifestantes bloquearam esta manhã algumas das principais estradas de Israel para exigir um acordo de cessar-fogo e a libertação dos reféns ainda na Faixa de Gaza, que serão 50, dos quais apenas 20 estarão vivos.
“Peço à população que saia à rua connosco, só com a nossa força poderemos chegar a um acordo global e acabar com a guerra. O Governo abandonou-os, mas o povo vai trazê-los de volta”, disse Einav Zangauker, mãe de um refém, citada pela agência de notícias EFE.
Leia Também: ONU exige a Israel resultados de investigação a ataque a hospital