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“Acusações de inação” contra antissemitismo são ofensa a França

“Estas acusações de inação face a um flagelo que combatemos com todas as nossas forças são inaceitáveis e ofendem toda a França”, escreveu num texto publicado no Le Monde, acrescentando que esta luta “não pode ser instrumentalizada”.

 

Netanyahu acusou Emmanuel Macron de estar a “alimentar o fogo antissemita” com a sua intenção de reconhecer o Estado palestiniano na Assembleia-Geral das Nações Unidas, no final de setembro.

Numa carta enviada ao Presidente francês, a 17 de agosto, o primeiro-ministro israelita afirmou estar “preocupado com o aumento alarmante do antissemitismo em França e com a falta de uma ação decisiva [por parte do Governo] para o resolver”.

Dois dias depois, o Eliseu respondeu à acusação qualificando-a como “errada e abjeta”, adiantando que Emmanuel Macron tinha tomado conhecimento da mesma através da imprensa e que iria responder por carta.

Na sua resposta, o chefe de Estado francês sublinhou hoje que “continua e continuará a ser o garante da necessidade imperiosa de combater esta abominação, em todo o lado e em todos os momentos”.

“O antissemitismo no nosso país tem uma longa história, foi durante muito tempo alimentado pela extrema-direita e é hoje também alimentado pela extrema-esquerda, que apoia o ódio contra a comunidade judaica”, acrescentou.

O Presidente francês considera que o reconhecimento do Estado da Palestina pela França é uma “mão estendida” a Israel a fim de alcançar uma “paz duradoura”, rejeitando qualquer acusação de que o processo de reconhecimento apoie o Hamas.

“Apelo solenemente a que parem com a corrida assassina e ilegal para uma guerra permanente em Gaza, que está a expor o vosso país à indignidade e o vosso povo a um beco sem saída”, pediu.

O Presidente também apelou a Telavive para que pare com “a recolonização ilegal e injustificável da Cisjordânia e que agarre a mão estendida dos parceiros internacionais dispostos a trabalhar para um futuro de paz, segurança e prosperidade para Israel e para a região”.

Na opinião de Macron, “o Estado palestiniano deve ser o fim do Hamas”, o movimento islamita palestiniano que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e responsável pelo ataque contra Israel em 07 de outubro de 2023, que desencadeou a ofensiva israelita no enclave.

“Esta é a única forma de erradicar verdadeiramente o Hamas e evitar que a juventude israelita seja consumida numa guerra permanente, devastadora não só para os palestinianos em Gaza, mas também para Israel e para toda a região”, acrescentou.

Na sua carta, Netanyahu instou Macron a “substituir a fraqueza pela ação, o apaziguamento pela vontade” e pediu-lhe que o fizesse até ao Ano Novo judaico, a 23 de setembro.

Um pouco antes, o ministro dos Assuntos Europeus francês, Benjamin Haddad, afirmou que França “não tem lições a receber quanto à luta contra o antissemitismo”.

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