O leite materno é considerado o “padrão ouro” da nutrição infantil: alimento completo, capaz de fortalecer o sistema imunológico, prevenir doenças e promover um vínculo profundo entre mãe e bebê. A amamentação vai além do ato de alimentar e garantir saúde, sendo também acolhimento, vínculo e cuidado integral, unindo corpo, mente e coração em um gesto de amor transformador, uma conexão emocional que acompanha toda a vida.
A ginecologista e obstetra Dra. Larissa Pires explica que o leite materno é completo do ponto de vista nutricional e imunológico, reduzindo infecções, alergias, cólicas e promovendo um desenvolvimento neurológico mais saudável. “A amamentação é o primeiro cuidado com a saúde do bebê, e também um cuidado com a saúde da mulher”, afirma.
Além disso, a amamentação também oferece benefícios para a saúde da mulher. “Amamentar ajuda o útero a voltar ao tamanho normal, reduz o risco de hemorragias no pós-parto e ainda protege contra o câncer de mama e ovário. É um cuidado que protege em várias dimensões”, reforça a médica.
Conhecer os benefícios da amamentação, aprender sobre a pega correta e os cuidados básicos, reduz medos e aumenta a confiança. Ademais, amamentar não precisa ser uma experiência solitária. A ajuda de profissionais, familiares e grupos de apoio faz diferença na adaptação e no bem-estar. Por isso, abaixo, confira dicas para facilitar esse momento!
Cuidado com a postura e o conforto na amamentação
O ato de amamentar pode ser intenso fisicamente, e muitas mães sentem dores no pescoço, nos ombros e na região lombar. A quiropraxista pediátrica Lidiane Garbim alerta para a importância da ergonomia nesse momento.
“A posição da mãe interfere diretamente no conforto e na continuidade da amamentação. Um ambiente acolhedor, uma cadeira com apoio para as costas, o uso de travesseiros e o cuidado com a posição do bebê fazem toda a diferença para evitar tensões e dores”, diz.
Além disso, para deixar o momento mais acolhedor e confortável, é importante:
- Posicionar o bebê corretamente: manter a barriga do bebê encostada na da mãe favorece uma pega mais eficiente e evita sobrecarga muscular. Essa posição também estimula o contato pele a pele, fortalecendo o vínculo e promovendo mais segurança ao recém-nascido;
- Manter os ombros relaxados: é comum as mães se inclinarem para observar o bebê, o que pode gerar tensão no pescoço com o passar dos dias. Para evitar dores, a dica é manter os ombros relaxados, a cabeça ereta e utilizar apoios para os braços. Assim, a musculatura se mantém equilibrada;
- Alternar a postura: alternar entre diferentes posturas pode ajudar a aliviar regiões específicas da coluna e evitar sobrecargas. Se sentir desconforto, faça pausas para relaxar.
Lidiane Garbim sugere três posições principais para a amamentação:
- Sentada tradicional: com auxílio de almofadas para suporte;
- Deitada: ideal para momentos de descanso e pós-parto;
- Invertida: indicada para variação na pega e alívio de fissuras mamilares.

Alimentação materna durante a amamentação
Durante a amamentação, o gasto energético da mulher aumenta significativamente. A nutricionista Clariana Colaço explica que esse é um período em que o corpo precisa ser constantemente nutrido, sem cair em dietas restritivas. “A mulher que amamenta deve ter uma alimentação variada, rica em frutas, vegetais, proteínas magras e gorduras boas. Também é fundamental beber bastante água para garantir uma boa produção de leite”, orienta.
Sucos naturais e chás sem cafeína também ajudam na produção de leite. Além disso, inclua na rotina alimentos que favorecem a amamentação, como aveia, sementes (linhaça, chia), castanhas, vegetais verde-escuros (espinafre, couve) e frutas ricas em água (melancia, laranja).
A profissional reforça que a alimentação equilibrada não é só uma questão de quantidade, mas de qualidade. “O que a mãe consome influencia o sabor do leite, o humor, a disposição e até a imunidade. Cuidar da alimentação é cuidar de si mesma e do bebê ao mesmo tempo”, ressalta.
Amamentar é também um gesto emocional
Para além da fisiologia, da nutrição e da postura, amamentar envolve entrega emocional, e isso merece ser reconhecido. Para o psicanalista Jorge Guedes, a amamentação não é apenas um ato biológico, mas um momento simbólico profundo de vínculo, confiança e construção da identidade materna e da segurança do bebê.
“Quando uma mãe oferece o peito, ela oferece mais do que alimento. Ela oferece presença, acolhimento e afeto. É um gesto que fala de amor antes mesmo das palavras existirem. Amamentar é um encontro entre dois corpos que se reconhecem e se pertencem. É ali que o bebê começa a entender o mundo, e a mãe também se redescobre”.
Por Ana Carolina Baili