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Celso Brito agora critica o mesmo remanejamento que aprovou sem restrições por anos

A sessão desta segunda-feira (08/12), na Câmara Municipal de Paulo Afonso, voltou a ser marcada por embates acalorados, declarações duras e gestos políticos calculados. Em meio às discussões, o tema sobre o percentual de remanejamento da Lei Orçamentária Anual (LOA) voltou à tona, e o clima esquentou a ponto de um parlamentar acusar um desafeto político de ser “falso profeta, enganador e incircunciso”. Mas foi outro detalhe que chamou a atenção da reportagem: a contradição explícita entre o discurso atual do vereador Celso Brito e seu histórico de votações.

Durante a sessão, alguns vereadores apareceram vestindo camisetas com a frase “Luta pelo povo. Voto 30% na LOA”, num movimento que tenta marcar posição contra o poder de remanejamento solicitado pelo Executivo. Entre eles, Celso Brito se destacou com discursos inflamados cobrando o “engessamento” da gestão e defendendo a redução do percentual.

No entanto, uma consulta aos registros da própria Casa revela que a postura do parlamentar nem sempre foi essa.

Entre os anos de 2009 e 2012, quando era filiado ao PSB e aliado do então prefeito Anilton Bastos (DEM), Celso Brito votou a favor de todos os pedidos de remanejamento de 100% encaminhados pelo Executivo. Os dados mostram que:

  • 2009 – Aprovou o remanejamento integral sobre um orçamento de R$ 150.879.412.
  • 2010 – Votou novamente a favor, com orçamento de R$ 159.000.000.
  • 2011 – Repetiu o apoio, autorizando o Executivo a manejar R$ 191.000.000 livremente.
  • 2012 – Apoiou mais uma vez o pedido, desta vez referente a R$ 203.000.000.

Nos anos seguintes, o padrão de voto também se manteve, sempre favorável ao remanejamento total — exatamente o oposto da defesa feita hoje.

O discurso muda, o interesse também?

A mudança brusca na postura do vereador abre espaço para questionamentos inevitáveis: se antes Celso Brito aprovava integralmente que o prefeito remanejasse o orçamento, por que agora defende com tanta veemência o limite de 30%? O que mudou — a compreensão técnica sobre o orçamento municipal ou apenas o cenário político?

O contraste entre passado e presente expõe uma incoerência que fragiliza o discurso de defesa do povo e coloca em xeque a verdadeira motivação por trás da mudança. Para muitos observadores, fica a impressão de que, na Casa Legislativa, princípios podem ser flexíveis — especialmente quando o jogo político assim exige.

Enquanto isso, a população pauloafonsina assiste às disputas, tentando entender se a “luta pelo povo” estampada nas camisetas corresponde aos fatos ou apenas a mais um capítulo das conveniências políticas que marcam o cotidiano do Legislativo municipal.

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