Num discurso proferido no congresso do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), que se realiza neste fim de semana em Berlim, Scholz afirmou, sob aplausos, que a invasão da Ucrânia pela Rússia marcou o início de uma “Zeitwende”, ou “era de mudança”, devido à tentativa de Moscovo de mudar as fronteiras à força.
“Foi correto tirar as conclusões necessárias, mesmo quando não tinham nada a ver com a campanha eleitoral de 2021, e a Alemanha, sob a nossa liderança, é de longe o maior apoiante da Ucrânia na Europa e o segundo maior no mundo, e continuaremos a sê-lo, graças também ao Partido Social-Democrata”, afirmou Scholz.
O antigo chefe do Governo alemão aludiu à forma como a guerra da Rússia contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, alterou os planos do SPD, que venceu as eleições gerais de 2021 e liderou uma coligação governamental formada com os Verdes e o Partido Liberal.
Após o início da guerra, Scholz tornou a Alemanha o principal apoiante europeu da Ucrânia em termos de ajuda militar.
O antigo líder alemão justificou ainda este apoio com base no compromisso de manter as fronteiras europeias de antigos ministros dos Negócios Estrangeiros social-democratas, como Willy Brandt e Helmut Schmidt, numa altura em que os políticos do SPD publicaram um manifesto crítico da liderança do partido na política de rearmamento da Alemanha, que acarreta riscos de confronto com a Rússia.
“Devemos fazer todos os possíveis para garantir que esta guerra não se torne uma guerra entre a NATO e a Rússia, e isso serviu a minha política desde o início e continua a servir a política do nosso país”, disse Scholz, referindo-se à política do atual governo, liderado pelo conservador Friedrich Merz, que governa em coligação com o SPD.
De acordo com o Instituto de Economia Mundial de Kiel, que monitoriza o apoio internacional à Ucrânia, a Alemanha disponibilizou um total de 11,27 mil milhões de euros de ajuda militar à Ucrânia até 30 de abril.
Este valor, segundo dados do instituto, é ultrapassado por 14,46 mil milhões de euros em apoio militar do Reino Unido e 64,6 mil milhões de euros em ajuda militar dos Estados Unidos.
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