“A integração regional em África é mais do que um ideal político” e inclui “a integração económica e social”, afirmou João Lourenço no discurso de abertura da VII Reunião de Coordenação Semestral da UA.
João Lourenço defendeu a “definição de roteiros para o reforço da integração”, porque “África é mais uma vez chamada a unir-se para enfrentar os desafios existentes”.
“Num contexto cada vez mais multinacional e competitivo, em que os grandes blocos regionais estão a ganhar peso nas decisões globais, África não pode continuar a falar com vozes dispersas nem a negociar com interesses fragmentados”, disse.
O presidente da UA salientou que a necessidade de unidade para defender os interesses do continente deve ser demonstrada na Cimeira União Europeia-África, através da União Africana, marcada para 24 e 25 de novembro em Angola.
João Lourenço acrescentou que, em setembro próximo, à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, pretende reunir os chefes de Estado e de Governo africanos para analisar os conflitos em África e apostar na paz como um “bem indispensável” para o continente.
Entre as conquistas da integração africana, Lourenço destacou a criação da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA, na sigla em inglês), que visa criar o maior mercado único de produtos e serviços do mundo.
Mahmoud Ali Youssouf, presidente da Comissão da UA (secretariado), falou no mesmo sentido, afirmando que África está “no centro de um mundo em rápida mudança”.
“O Sul global está a posicionar-se e os países BRICS (grupo de economias emergentes) estão a afirmar-se cada vez mais como um bloco coerente. A Europa está a operar num contexto global que já não controla. A Ásia já descolou há muito tempo. Neste contexto, o nosso continente deve encontrar o seu lugar com força e determinação, começando por acelerar a integração”, sublinhou Youssouf.
O presidente da Comissão salientou que a integração exige a AfCFTA, “o mercado único africano e, em última análise, a moeda única africana”.
A AfCFTA continua a ser “a pedra angular da expansão do comércio intra-africano”, pelo que é “essencial continuar a trabalhar para eliminar as barreiras pautais e não pautais”, vincou, admitindo que ainda se está longe desse objetivo.
O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, anfitrião da reunião, sublinhou que “a África alcançou a independência política, mas ainda está longe de alcançar a independência económica”.
“Se conseguirmos consolidar a nossa integração económica interna, seremos capazes de negociar e de nos relacionarmos com o resto do mundo a partir de uma posição de maior força, dignidade e vantagem”, afirmou Obiang, alertando que, num mundo cada vez mais globalizado, África “corre o risco de ser deixada para trás”.
O líder equato-guineense, o Presidente há mais tempo no poder (desde 1979) — não considerando as monarquias -, criticou as instituições económicas internacionais que “impõem condições severas e critérios políticos injustificados que restringem o acesso dos nossos países ao crédito”.
Além de Lourenço e Obiang, outros Presidentes presentes na conferência incluem Abdelfattah al-Sisi (Egito), Évariste Ndayishimiye (Burundi), Julius Maada Bio (Serra Leoa), Mohamed Ould Ghazouani (Mauritânia), John Dramani Mahama (Gana) e Emmerson Mnangagwa (Zimbabué).
A Reunião de Coordenação Semestral da UA, criada em 2017, reúne um grupo de líderes africanos, incluindo os presidentes das organizações regionais, para chegar a acordo sobre ações destinadas a acelerar a execução da Agenda 2063, o quadro estratégico do continente para o crescimento inclusivo e o desenvolvimento sustentável.
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