A Bahia exportou mais de R$ 302 milhões em produtos agropecuários para os Estados Unidos em junho de 2025, de acordo com o novo relatório da Assessoria Econômica do Sistema Faeb/Senar, divulgado nesta terça-feira (29), pela entidade.
O número reforça a importância do mercado norte-americano para o agro baiano. No entanto, nesta quarta-feira (30), o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou o decreto antecipadamente, que taxa em mais 40% as importações de produtos brasileiros, afetando diversos setores, incluindo o agro baiano, totalizando 50% em tarifas para o Brasil.
A medida oficializa o que foi anunciado anteriormente pelo governo norte-americano, e entrará em vigor em 7 dias após publicação do decreto. Apenas foram isentos castanhas, suco de laranja, aviões e minérios.
A Faeb informou que na Bahia, a tarifa gera apreensão no setor produtivo, especialmente nas cadeias da silvicultura, cacauicultura e fruticultura em geral, uma vez que a celulose, os derivados de cacau (manteiga, gordura e óleo) e os sucos de frutas lideram a pauta baiana de embarques para os EUA.
EUA é importante parceiro comercial do agro baiano
Segundo o relatório da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), os EUA são o segundo maior parceiro comercial do setor, consolidado como um dos principais destinos das exportações do agro baiano em junho, atrás apenas da China.
O valor total superior a US$ 55 milhões representa uma fatia importante das vendas externas do setor, que somaram US$ 491,5 milhões no mês.
Os principais produtos exportados para os Estados Unidos no período foram:
- Celulose: 42,7%;
- Manteiga, gordura e óleo de cacau: 37,2%;
- Sucos de frutas: 4,5%;
- Demais produtos: 15,6%.
Além de movimentar a balança comercial, os segmentos exportadores têm peso relevante na geração de emprego e renda nas regiões produtoras, especialmente no sul, extremo sul e no Vale do São Francisco.
Tarifas também representam riscos a médio e longo prazo
Em coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira (28), o presidente da Faeb, Humberto Miranda, destacou que é preciso focar em resolver primeiramente os reflexos nas culturas que serão mais afetadas, a exemplo da fruticultura.
“Os EUA é o nosso maior comprador de manga do Vale do São Francisco, o que tem gerado uma insegurança muito grande no produtor e na sociedade, porque isso vai gerar consequência para todos. Isso vai gerar desemprego, endividamento, problema de crédito, e inflação” afirmou Miranda.
A exportação dos derivados do cacau também vai sofrer reflexos com o “tarifaço de Trump” – como vem sendo chamado.
O produtor rural e diretor da Faeb, Guilherme Moura, alerta que a nova tarifa pode alterar todo processo de produção e distribuição da manteiga do cacau, entre outros derivados.
“A Bahia é uma grande produtora de derivados de cacau. As três maiores fábricas processadoras de manteiga de cacau, por exemplo, estão instaladas em Ilheus, onde boa parte de toda manteiga é processada. O mercado americano absorve boa parte desse produto, sendo o nosso principal destino. Essa situação pode fazer com que toda a cadeia produtiva seja desorganizada.”
Relatório de exportações do agronegócio baiano
O documento é produzido mensalmente pela Assessoria Econômica da Faeb, com base em dados de referência de diversas instituições, Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), através do Agrostat; Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC); e Comex Stat.
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