“Os manifestantes chegaram a Belgrado mascarados, com barras de metal, pedaços de madeira, pedras e escudos, e com a intenção de agredir os polícias”, disse o ministro Ivica Dacic, em conferência de imprensa.
De acordo com Dacic, 38 pessoas foram detidas e seis polícias ficaram feridos, enquanto os órgãos de comunicação social críticos do Governo nacionalista sérvio noticiaram hoje que os serviços de emergência assistiram pelo menos dez feridos nos protestos.
A estação televisiva N1 noticiou que Belgrado viveu mais uma noite “dramática”, a terceira consecutiva, com os manifestantes a incendiarem e a virarem contentores de lixo nas ruas e a lançarem fogo-de-artifício.
A polícia dispersou-os com veículos blindados e gás lacrimogéneo.
Os protestos, até agora pacíficos, liderados por estudantes universitários contra o Presidente Aleksandar Vucic, a quem acusam de ser autoritário e corrupto, tornaram-se violentos nos últimos dias.
Na quarta-feira, 27 polícias e pelo menos 80 civis ficaram feridos em confrontos que, segundo estudantes e a oposição, foram provocados por “bandidos” pró-governo.
As mesmas fontes acusam a polícia de não reagir à violência destes grupos, ao mesmo tempo que abusa da força contra manifestantes anti-governo.
Numa mensagem publicada na sexta-feira à noite, o comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Michael O’Flaherty, lamentou “o uso desproporcional da força pela polícia” e reiterou o apelo às autoridades para que “evitem o uso excessivo da força, acabem com as detenções arbitrárias e reduzam as tensões”.
Protestos contra a violência policial, incluindo confrontos violentos, também ocorreram na noite de sexta-feira em Novi Sad, Valjevo, Nis, Sabac, Loznica e Kragujevac, estando planeadas novas ações para este fim de semana.
A onda de protestos em massa, na sua maioria pacíficos, começou após o desabamento de uma paragem de autocarros na recém-renovada estação ferroviária de Novi Sad, a 1 de novembro, matando 16 pessoas.
A exigência inicial de responsabilização e transparência em relação à adjudicação e execução do projeto, levada a cabo por empresas chinesas, transformou-se numa denúncia do autoritarismo governamental, numa exigência de melhorias no Estado de Direito e na realização de eleições antecipadas.
A Sérvia procura formalmente a adesão à União Europeia, mas Vucic mantém laços estreitos com a Rússia e a República Popular da China e enfrenta acusações sobre a repressão das liberdades democráticas desde que assumiu o poder, há 13 anos.
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