A reprodução simulada sobre a morte do adolescente de 16 anos, Gabriel Lincoln Pereira da Silva, foi marcada para o dia 15 de julho na cidade de Palmeira dos Índios, agreste alagoano. O menor morreu em maio deste ano após ser atingido por um tiro durante uma ação policial.
A reconstituição do caso era um pedido da família e tem como objetivo esclarecer a dinâmica do que aconteceu no dia da ocorrência.
“Essa era uma luta que estávamos cobrando das autoridades. Já havia sido marcada antes, mas não dava certo. O Instituto de Criminalística não tinha condições técnicas. Ontem, enfim, recebemos a confirmação. A reprodução será no mesmo horário do ocorrido. Estamos um pouco aliviados e muito ansiosos para que isso aconteça”, disse o pai de Gabriel, Cícero Pereira, em um vídeo divulgado pela TV Pajuçara.
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Segundo a Polícia Civil de Alagoas, até o momento, 15 pessoas já foram ouvidas no inquérito, incluindo os policiais militares envolvidos na ação. Agora, a PC/AL aguarda a realização da reprodução simulada e o laudo do exame residuográfico, que poderá indicar se houve disparo de arma de fogo por parte da vítima.
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Entenda o caso
Na noite do sábado, 3 de maio de 2025, o adolescente de 16 anos, identificado como Gabriel Lincoln Pereira da Silva, faleceu após uma perseguição policial em Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas.
De acordo com as primeiras informações, Gabriel teria sido visto realizando manobras perigosas com uma motocicleta na avenida Bráulio Montenegro. Ao notar a aproximação de uma guarnição do Pelotão de Operações Especiais (Pelopes), ele teria desobedecido às ordens de parada, iniciando uma fuga pelas ruas da cidade.
A versão da polícia afirma ainda que, durante a perseguição, o adolescente sacou um revólver calibre .38 e disparou contra a viatura. Em resposta, os agentes efetuaram disparos, resultando em Gabriel sendo atingido. Ele foi imediatamente socorrido pelos próprios policiais e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, mas não sobreviveu aos ferimentos.
Ainda segundo os militares, uma arma teria sido apreendida no local da ocorrência. O laudo da necropsia aponta que o adolescente foi atingido um único disparo pelas costas, que perfurou o pulmão e o coração.
A família do jovem contesta a explicação apresentada pela Polícia Militar desde o início. Eles alegam que foram impedidos de acompanhar o atendimento médico e de obter informações sobre o estado de saúde do menor.
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Ainda segundo eles, o jovem estava trabalhando com os pais no quiosque de lanches e saiu para comprar alface quando o desfecho triste aconteceu.
A Polícia Civil iniciou as investigações do caso oficialmente na segunda-feira seguinte (5), mesmo dia em que o corpo do menor foi velado na casa da avó e enterrado sob grande comoção.
Em determinado momento, os rituais fúnebres precisaram ser interrompidos por alguns minutos para realização de perícia por parte de integrantes da Polícia Científica de Alagoas. O local foi esvaziado para que os peritos realizassem exames técnicos, incluindo o residuográfico, uma vez que a Polícia Militar alega que o adolescente atirou contra a guarnição durante uma perseguição.
O procedimento foi considerado anormal por familiares, sobretudo, porque o pai do adolescente já havia relatado que este mesmo exame foi negado pelo Instituto Médico Legal de Arapiraca, mesmo após pedido do advogado da família, sob a alegação de que o corpo já havia sido limpo.
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A investigação está sendo conduzida por uma comissão de delegados, que já iniciou as oitivas com testemunhas, familiares e moradores da região. Os depoimentos dos policiais – que estão desempenhando atividades adminsitrativas como medida preventiva – só serão colhidos após a coleta de outras provas.
Fazem parte dela os delegados Alexandre Leite, da Diretoria de Polícia Judiciária 3 (DPJ3), Sidney Tenório, diretor da DPJ1, e João Paulo Tenório, coordenador da DH da 5ª Região.
Imagens de câmeras têm surgido e auxiliado nas investigações.
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