Internacional

Centenas de pessoas juntas em Paris contra a fome em Gaza

Numa manifestação organizada pelo coletivo Urgence Palestine, um movimento francês, que começou pelas 18h30 horas locais (17h30 em Lisboa) junto ao Metro Belleville, alguns muito ruidosos habitantes do 20° bairro (arrondissement) de Paris entoaram vários cânticos e palmas.

 

“Nós somos a resistência” e “Palestina viverá, Palestina resistirá”, foram algumas das frases que os manifestantes gritaram antes de marchar pelas ruas parisienses.

Com bandeiras, lenços tradicionais brancos e pretos ou vermelhos que representam a Palestina (keffiyeh), eram ainda visíveis cartazes com uma fotografia do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyuh, e a expressão “Procura-se”, bem como “De Gaza a Paris resistência”, “Para quando sanções contra o estado genocida?”, “Embargo militar imediato”, “Parem o genocídio”.

“De forma geral, em Gaza, as pessoas estão famintas, há uma malnutrição geral e as pessoas de Gaza sempre tiveram que se adaptar a isso, mas hoje, o facto de que não há mais nada que entra, tornou-se algo extremo”, disse à Lusa Myriam, uma jurista de 28 anos e membro do coletivo, que denuncia “um genocídio” e “um ponto de emergência”.

Para a jovem francesa, “o maior problema é que os caminhões que estão à espera (para entrar na Faixa de Gaza), que estão cheios de comida, não podem entrar”, devido ao bloqueio geral decretado por Israel, principalmente em Rafah, para além dos bombardeamentos diários no território.

O movimento, que conta com “enfermeiros, professores, pasteleiros, artistas, estudantes e refugiados”, organiza deambulações todos os dias pelas ruas do bairro para “massificar as populações e sensibilizar”, mostrando-se ainda contra a colonização e o fornecimento de armas a Israel.

Após alguns discursos e sob os lemas “Israel assassina as crianças da Palestina” e “parar a ocupação”, os manifestantes acompanhados por membros da polícia marcharam pelas ruas até à Place de la République (a cerca de 1,5 quilómetros), despertando a atenção até mesmo de quem estava dentro de casa e vinha à janela.

Muitos dos veículos que iam passando pela manifestação, bem como muitas das pessoas que tentavam entrar na estação de metro acabavam por se manifestar a favor da mobilização, com buzinas e gritos, respetivamente.

O percurso que demorou cerca de uma hora e foi juntando mais manifestantes terminou com mais alguns cânticos e com os manifestantes a juntarem a um grupo de dezenas de pessoas que já estava na praça a protestar para os discursos finais.

Nos últimos dias e, pelo menos até sábado, a capital francesa regista várias mobilizações organizadas também por este coletivo pró-Palestina, que quer o seu reconhecimento enquanto Estado, contra a fome e pelo fim do genocídio e da colonização.

Na quinta-feira, Macron anunciou que a França reconhecerá formalmente o Estado palestiniano em setembro a Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, de acordo com uma carta enviada ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

No entanto, a decisão parece ser polémica, porque segundo os manifestantes o Presidente francês é cúmplice do que está a acontecer na Palestina porque ainda gritaram pelas ruas “Israel assassino, Macron cúmplice”.

“Quando Emmanuel Macron diz que vamos reconhecer o Estado palestiniano, na verdade, o que diz é que vamos reconhecer o Estado israelita, o que ele já fez, nós não o reconhecemos de facto”, afirmou Myriam, defendendo “uma Palestina histórica” para os palestinianos e Israel como “uma entidade sionista”.

O conflito em Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que provocaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

A retaliação de Israel, que também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária (alimentos, água potável, combustível e medicamentos), já provocou mais de 59 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Os balanços fornecidos pelas autoridades locais apontam que mais de 120 pessoas, incluindo várias crianças, morreram por fome ou desnutrição desde o início da ofensiva israelita no enclave palestiniano.

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