A vitória esmagadora de Hugo Motta e Davi Alcolumbre na presidência do Congresso consolidou o poder do Centrão e evidenciou a fragilidade do governo, que agora se vê refém de um jogo político onde não dita mais as regras. O bloco articula um novo desenho para o Executivo, exigindo maior controle sobre verbas e cargos, enquanto a base governista se desdobra para conter a insatisfação interna. A popularidade do presidente, já abalada, complica qualquer negociação, tornando evidente que a aliança não será automática nem incondicional.
A crise se aprofunda com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal de bloquear emendas parlamentares, restringindo o poder de articulação dos deputados e senadores. Para o Centrão, a autonomia orçamentária das bancadas é mais valiosa do que qualquer ministério, forçando o governo a ceder ainda mais espaço. Diante desse cenário, Lula tenta rearranjar sua equipe, cogitando transferências estratégicas de ministros para atender às exigências da nova configuração política, enquanto busca desesperadamente reverter sua crescente impopularidade.
As especulações sobre mudanças ministeriais só reforçam o desgaste da atual gestão. Alexandre Padilha pode ser deslocado para a Saúde, enquanto o comando da articulação política seria entregue a um nome fora do PT. Figuras como Sílvio Costa Filho e Isnaldo Bulhões Jr. surgem como opções viáveis, enquanto Rodrigo Pacheco e Arthur Lira também entram no tabuleiro das negociações. O governo se contorce para manter o mínimo de governabilidade, mas a verdade é clara: o Centrão não apenas dita o jogo, como já deixou evidente que não se contentará com migalhas.