Internacional

Comité de Proteção de Jornalistas e Al Jazeera denunciam fome em Gaza

“Israel está a provocar fome aos jornalistas de Gaza em silêncio. Não são apenas repórteres. São testemunhas na linha da frente, abandonados quando os meios internacionais são expulsos e têm a entrada negada”, disse a diretora regional do CPJ, Sara Qudah.

 

“O mundo tem de agir agora: protegê-los, alimentá-los e deixá-los recuperar, enquanto outros jornalistas avançam para fazer as reportagens. A nossa resposta a estes 650 dias de reportagens corajosas não pode ser simplesmente deixá-los orrer à fome”, acrescentou.

Na terça-feira, o CPJ lançou uma série de vídeos de jornalistas palestinianos a descrever as suas condições de trabalho em Gaza (“Voices From Gaza video series”).

A estação de televisão, por sua vez, apelou à comunidade internacional para que atue no sentido de “acabar com a fome forçada, que ameaça toda a população da Faixa de Gaza, incluindo as que arriscam as suas vidas para relatar as atrocidades de Israel”.

Como indica no seu sítio na internet, a Al Jazeera Media Network “apelou à comunidade jornalística, às organizações de defesa da liberdade de imprensa e às instituições jurídicas relevantes para que tomem ações urgentes e decisivas que acabem com a fome forçada e os crimes contra os jornalistas e os profissionais de comunicação na Faixa de Gaza”.

O diretor-geral da Al Jazeera Media Network, Mostefa Souag, ao comentar a situação dos jornalistas no território palestiniano, declarou: “Devemos aos corajosos jornalistas em Gaza a amplificação das suas vozes e acabar com o sofrimento insuportável porque estão a passar, devido à fome forçada e aos seus assassínios pelas forças de ocupação israelitas”.

Acrescentou ainda: “A comunidade jornalística e o mundo têm uma responsabilidade imensa: é nosso dever fazer ouvir as nossas vozes e mobilizar meios de apoio aos nossos camaradas nesta nobre profissão. Se falharmos agora, arriscamos um futuro onde poderá não haverá ninguém para contar as nossas histórias. A nossa inação será recordada na história como uma incapacidade monumental de proteger os nossos camaradas jornalistas e uma traição aos princípios que todo o jornalista deve defender”.

Desde outubro de 2023, os militares israelitas já mataram vários jornalistas (cinco da Al Jazeera jornalistas – Samer Abudaqa, Hamza Dahdouh, Ismail al-Ghoul, Ahmed al-Louh e Hossam Shabat)e muitos dos seus familiares.

Hoje, mais de uma centena de organizações internacionais e palestinianas denunciaram que a fome está a matar 2,1 milhões de pessoas na Faixa de Gaza e criticaram o sistema de distribuição de ajuda humanitária, gerido por Israel e pelos Estados Unidos através da designada Fundação Humanitária para Gaza (GHF, na sigla inglesa).

Um total de 111 organizações não-governamentais (ONG), incluindo os Médicos Sem Fronteiras (MSF), a Save the Children e a Oxfam, alertaram para o avanço da fome na Faixa de Gaza, afirmando que até os trabalhadores humanitários “estão a morrer lentamente”.

“Enquanto o cerco imposto pelo Governo israelita condena a população de Gaza à fome, os trabalhadores humanitários juntam-se às filas para receber alimentos, arriscando-se a ser baleados apenas para conseguirem alimentar as suas famílias”, denunciaram as ONG.

Antes da atual situação de fome generalizada na Faixa de Gaza, um ministro israelita, Bezalel Smotrich, afirmou em agosto de 2024 que “matar dois milhões de palestinianos à fome poderia ser justificado e moral”, e outro, Itamar Ben-Gvir, defendeu o bombardeamento dos armazéns com produtos alimentares. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu é, quanto a si, objeto de um mandado de detenção, emitido pelo Tribunal Penal Internacional, em 21 de novembro de 2024, por usar a fome como arma de guerra.

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