A câmara baixa do Congresso aprovou o projeto de lei com 214 votos a favor e 212 contra, com dois legisladores republicanos a reverterem o seu voto inicial “não” após discussões na câmara com o seu líder, Mike Johnson.
“Sob a liderança do Presidente [Donald] Trump, o dinheiro dos contribuintes deixará de ser desperdiçado”, disse Johnson num comunicado após a votação.
O Senado, também de maioria republicana, deverá agora aprovar o corte destes fundos, feito a pedido da Casa Branca.
Donald Trump, na sua plataforma Truth Social, saudou este projeto de lei, que “recupera 9,4 mil milhões de dólares (8,1 mil milhões de euros) em ajuda externa desnecessária”, antes de atacar a rádio NPR e a estação de televisão PBS, que descreveu como “altamente tendenciosas” e que correm o risco de perder 1,1 mil milhões de dólares (949 milhões de euros) de financiamento.
“A NPR e a PBS são um desastre de extrema-esquerda e 1000% contra o Partido Republicano”, acusou o Presidente.
Trump assinou um decreto no início de maio ordenando o “corte de verbas” dos dois órgãos de comunicação públicos, o que a NPR contestou recentemente em tribunal.
A Constituição norte-americana prevê que o Congresso tem o poder exclusivo de alocar recursos públicos federais.
O projeto de lei aprovado pela Câmara dos Representantes visa, assim, dar efeito legal aos cortes solicitados pela Casa Branca, embora estes recursos já tenham sido previamente aprovados pelo Congresso.
Entre estes cortes, 8,3 mil milhões de dólares (7,1 mil milhões de euros) foram alocados à ajuda externa através da USAID.
Projetos globais de saúde pública, como o programa Pepfar AIDS (criado pelo Presidente republicano George W. Bush Jr.), também foram afetados, tendo sido cancelados 400 milhões de dólares (345 milhões de euros).
A agência, já praticamente desmantelada, foi um dos primeiros alvos do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) liderado pelo bilionário Elon Musk, que na semana passada anunciou o seu afastamento do executivo Trump.
Trump nomeou Musk para liderar o controverso DOGE após a sua eleição, com a missão de reduzir as despesas do governo, e que acabou por levar à quase extinção de agências como a USAID e a despedimentos de milhares de funcionários públicos.
Musk foi um aliado fundamental de Trump durante a campanha eleitoral de 2024, contribuindo com somas avultadas e participando diretamente em comícios, além de usar a rede social X para criticar a candidata presidencial democrata e as políticas deste partido.
Ambos entraram em choque publicamente na última semana devido às críticas de Musk ao projeto-lei fiscal de Trump, que o Congresso estima que aumentará a dívida do país em 2,4 biliões de dólares (2 bilhões de euros) na próxima década e que enfrenta resistência da parte de alguns setores do Partido Republicano.
Musk afirmou que aprovação do projeto de lei pela câmara baixa do Congresso prejudicou o seu trabalho como conselheiro de Trump e líder do DOGE, criado pela atual administração para reduzir o desperdício de fundos federais.
Antes das acusações nas redes sociais, o proprietário da Tesla e do X despediu-se.
Durante a troca de mensagens com o dono da Tesla e SpaceX, Trump chegou a ameaçar cancelar contratos governamentais com as empresas de Musk, possibilidade que a Casa Branca afastou na quarta-feira, após Musk se ter retratado publicamente.
As ameaças de Trump levaram a uma queda das ações da Tesla e outras empresas controladas por Musk, que estava pressionado para amenizar o clima de hostilidade com a Casa Branca.
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