Internacional

Egito detém tiktokers por vídeos que alegadamente violam moralidade pública

O mais recente influenciador a ser detido foi ‘Shaker’, conhecido no país como o “Don Juan do TikTok” e que tem quase cinco milhões de seguidores na rede social, avançaram hoje os meios de comunicação egípcios, indicando que foi detido enquanto estava num café no bairro nobre de New Cairo.

 

Embora o Ministério do Interior ainda não tenha confirmado a detenção, o criador de conteúdos publicou no sábado uma série de mensagens sobre a detenção de outros três ‘TikTokers’, que se juntaram a outros detidos dias antes.

Os detidos são praticamente todos mulheres. Uma das visadas chama-se Suzy al Ordoneya e foi detida depois de o Ministério do Interior ter “recebido várias denúncias” por publicar vídeos nas redes sociais contendo “linguagem ofensiva” e por “violação da moral pública e uso indevido das redes sociais”.

Segundo o ministério, a jovem “admitiu ter publicado os vídeos mencionados para aumentar a sua audiência e obter ganhos financeiros”.

Outra influenciadora visada pelas autoridades foi Madahem, detida “por publicar vídeos nas redes sociais com linguagem indecente, o que constitui uma flagrante violação da moral pública”, embora também tenha sido encontrada com “quantidades de dinheiro em moeda local e estrangeira, artigos de ouro e uma quantidade de haxixe e narcóticos do tipo ópio”.

“Ela admitiu ter publicado os vídeos nas suas redes sociais para aumentar a sua audiência e obter ganhos financeiros, além de possuir os narcóticos para uso pessoal”, referiu o ministério.

De acordo com o deputado egípcio Ahmed Badawi, também membro do Comité de Telecomunicações da Câmara dos Representantes, a plataforma teve três meses para adaptar o seu conteúdo aos padrões sociais e morais egípcios.

A popular apresentadora egípcia Lamees al-Hadidi afirmou, nas redes sociais, que o TikTok se tornou “uma espécie de invasão económica” no Egito, dado que, “de repente, está em todo o lado, nas ruas” e é “uma forma fácil de gerar dinheiro em vez de trabalhar num emprego a sério”.

Cada vez mais jovens no Egito utilizam a plataforma, especialmente a sua versão ao vivo, para receber presentes sob a forma de compensação financeira.

A controvérsia em torno do TikTok intensificou-se recentemente após o surgimento de um vídeo viral no qual uma ‘TikToker’ afirma ser a filha secreta do falecido Presidente Hosni Mubarak e de uma ex-cantora pop.

A jovem alegou ainda a existência de uma rede de tráfico de órgãos humanos a operar no Egito, implicando várias personalidades do mundo do entretenimento.

Esta não é a primeira vez que as autoridades detêm mulheres no Egito por utilizarem o TikTok naquilo que consideram ser “uso indevido” da rede.

Em 2020, duas influenciadoras foram detidas por “atacar os valores da sociedade” em vídeos ‘online’, depois de publicarem imagens a explicar como as mulheres poderiam ganhar dinheiro partilhando vídeos na plataforma de criação de vídeos Likee, o que as autoridades interpretaram como uma promoção de mulheres que vendem sexo ‘online’.

Na altura, a Amnistia Internacional considerou que as jovens estavam a ser punidas pela sua dança, discurso, vestuário e tentativas de influenciar o público nas redes sociais, dado que as detenções de pelo menos 10 mulheres aconteceram após denúncias apresentadas sobretudo por criadores de conteúdos do sexo masculino, alegadamente indignados com o seu comportamento, e após investigações da Direção de Moral do Ministério do Interior.

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