Internacional

EUA condenam ameaças contra diretor da Agência de Energia Atómica

Rubio referiu-se, em particular, a um editorial publicado pelo jornal iraniano ultraconservador Kayhan, intimamente ligado ao regime iraniano, que chegou a pedir a execução de Grossi caso volte ao país por espionagem a favor de Israel no “assassínio do povo oprimido” do Irão.

 

Os membros do ultraconservador parlamento ameaçaram o diretor da AIEA com “um preço” por ter enviado informações contraditórias sobre o progresso do programa nuclear iraniano, facilitando deste modo os ataques iniciados por Israel em 13 de junho.

Israel justificou os ataques com a criação iminente de uma arma nuclear, o que é refutado por Teerão.

“Os apelos no Irão para a detenção e execução do diretor-geral da AIEA são inaceitáveis e devem ser condenados”, alertou na rede X o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, que há uma semana também bombardearam instalações nucleares iranianas, interrompendo as negociações em curso entre Washington e Teerão.

Rubio afirmou que os Estados Unidos apoiam “o trabalho crucial de supervisão que a AIEA realizou no Irão” e elogiou o diretor da agência das Nações Unidas pela sua “dedicação e profissionalismo”.

O secretário de Estado norte-americano defendeu ainda que Teerão deve garantir “a segurança do pessoal da agência”.

No mesmo sentido, a Alemanha manifestou o seu apoio ao diplomata argentino e considerou as ameaças do Irão à equipa da AIEA “profundamente preocupantes”.

Para o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Johann Wadephul, as ameaças do Irão “precisam de cessar”, depois de Teerão ter rejeitado o pedido da agência para visitar instalações nucleares bombardeadas por Israel e pelos Estados Unidos.

Rafael Grossi alertou no sábado que, apesar dos ataques, o Irão tem capacidade técnica para voltar a enriquecer urânio dentro de alguns meses.

“Houve danos significativos, mas não completos (…) Eles podem ter, dentro de alguns meses, centrifugadoras em ação para produzir urânio enriquecido”, declarou, numa entrevista ao canal norte-americano CBS.

Uma semana após os bombardeamentos norte-americanos das instalações nucleares de Fordo, Natanz e Isfahan, todos os envolvidos, incluindo Teerão, concordam que sofreram danos consideráveis, mas subsistem dúvidas sobre a sua destruição real.

Após quase duas semanas de ataques cruzados nos respetivos territórios e de um bombardeamento iraniano numa base dos Estados Unidos no Qatar, Irão e Israel concordaram com um cessar-fogo, anunciado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, e que entrou em vigor na terça-feira.

Hoje, o Irão afirmou ter “sérias dúvidas” sobre o cumprimento por parte de Israel do cessar-fogo.

“Temos sérias dúvidas sobre o cumprimento dos seus compromissos, incluindo o cessar-fogo, e estamos prontos para uma resposta firme”, avisou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Abdolrahim Mousavi, de acordo com comentários referentes a Israel e relatados no domingo pela televisão estatal.

O Governo iraniano também pediu hoje à ONU que reconheça Israel e os Estados Unidos como responsáveis pela guerra que se prolongou quase 12 dias, até à suspensão dos ataques na passada terça-feira.

“Solicitamos formalmente ao Conselho de Segurança que reconheça o regime israelita [Israel] e os Estados Unidos como os iniciadores do ato de agressão e que reconheça a sua responsabilidade subsequente, incluindo o pagamento de indemnizações e reparações”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, no seu pedido.

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