Alagoas

Ex-diretora de inteligência do MJ confirma pedido de estudo sobre locais com votação maciça para Lula, mas nega direcionamento à PRF

A ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça, Marília Ferreira de Alencar, confirmou nesta quinta-feira (24) ter pedido um estudo que identificasse locais em que Lula e Bolsonaro tiveram mais de 75% dos votos no 1º turno de 2022, mas nega ter enviado os número à Polícia Rodoviária Federal (PRF) para subsidiar blitz.

Marília é ré no processo que apura uma trama golpista durante a gestão Bolsonaro e que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Ela foi interrogada nesta quinta pela Corte.

Segundo o servidor do Ministério da Justiça Clebson Ferreira, subordinado a Marília na época, a área de inteligência do Ministério da Justiça encomendou um painel de inteligência com um filtro que identificasse os locais em que Lula tinha alcançado 75% dos votos no 1º turno.

Segundo ele, os locais em que o candidato petista teve uma votação maciça foram os mesmos em que houve pressão no fluxo de trânsito causado por operações da PRF, principalmente no Nordeste, o que indicaria que o estudo teria subsidiado as “blitz”.

“Em determinado momento, eu perguntei ao Clebson se era possível aplicar um filtro nesse BI (boletim de inteligência) de 75%, 80%, porque indicava uma votação maciça em ambos os candidatos. E ele disse que era tranquilo fazer. E ele aplicou esse filtro. Foi no Brasil inteiro, não só no Nordeste, e para ambos os candidatos”, afirmou Marília.

A ex-diretora afirmou que nunca pensou em “usar o boletim para nada” e que “mal mostrou ao ministro” [da Justiça, à época, Anderson Torres].

“Então era para análise interna, que era a minha atribuição confirmar esses dados. Me feriu muito afirmarem que eu tinha sido responsável pelo BI (boletim de inteligência] que a PRF usou para fazer as blitz”, afirmou.

“Nunca nem falei de PRF sobre esse BI. Nunca me passou pela cabeça, não tinha relação profissional com a PRF, nem conhecia o diretor Djairlon[diretor de operações]. Sobre o ministro não posso afirmar se ele passou isso ou não para a PRF”.

Facções criminosas

De acordo com Clebson, Marília também queria ligar os locais de votação de Lula com uma facção criminosa no Rio de Janeiro.

A ex-diretora de inteligência afirmou que os resultados não foram os esperados.

“Acabou que os cruzamentos iniciais não deram resultado. O das facções do Rio, por exemplo, não bateu. Esse foi o primeiro momento. É esse o BI que eu cito nas conversas”.

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