Alagoas

Festival da Cultura Popular 2025 homenageia Mestra Joana Gajuru

Levando adiante sua tradição de mês de agosto, o Maracatu Baque Alagoano realiza,no próximo dia 23, a 6ª edição do Festival da Cultura Popular na Praça Marcílio Dias, no bairro do Jaraguá. A partir das 19h, o Baque e seus convidados sobem ao palco em evento totalmente gratuito e aberto ao público para celebrar os folguedos e conhecimento popular que constituem a identidade cultural alagoana, com uma homenagem especial à Mestra Joana Gajuru.

Maria da Conceição nasceu em Lagoa da Canoa no final do século XIX e mudou-se para Pilar durante a adolescência. Foi lá que ganhou o nome de Joana Gajuru e começou a dançar o Guerreiro aos 15 anos de idade, por influência dos moradores e o contato com trabalhadores do corte da cana-de-açúcar – ela liderou grupos de 50 a 100 homens nos períodos de colheita, e o Guerreiro fazia parte das comemorações dos trabalhadores e apresentações natalinas aos senhores de engenho.

Dos mutirões com pagodes para montagem de casas aos carnavais de rua, Joana brincou o coco, reisado e samba, mas se reinventou no Guerreiro. Criou seu próprio grupo e tornou-se a primeira mulher em evidência a comandar esse folguedo no estado. Apresentou-se por toda Alagoas e ainda por municípios de Pernambuco e Sergipe. Mestres como Nivaldo Abdias (1932-2013) e Mestre Benon (1936) foram ensinados e incentivados por Gajuru para participarem desse folguedo natalino. Faleceu com mais de 100 anos em setembro de 1988, em Maribondo, onde está sepultada.

“Joana Gajuru foi brincante, dona e mestra do Guerreiro Barreira de Alagoas. Ranilson França, um dos maiores folcloristas do nosso estado e que conheceu Joana de perto, a descrevia como uma mulher magra, negra, de gestos fortes e singelos, mas tomada de coragem e que encarava quem ousasse tripudiá-la. Foi Mestra no ritmo dos tambores, nos sons dos maracás, nas cores e pedrarias dos trajes que batalhou para elaborar e que usava com orgulho nos momentos de festa. É essa pequena grande mulher que queremos destacar para todo o estado e render homenagens no Festival deste ano”, explica Hélton Santos, coordenador do Baque.

Sobre o Baque Alagoano
O Maracatu Baque Alagoano conta com quase 100 integrantes em sua formação, dos 4 aos 70 anos. Surgiu após uma oficina no Cenarte em 2007 e desde então não parou mais de batucar. Toca composições autorais (chamadas loas), músicas de outros grupos de maracatu, coco, guerreiro e baiana, além de dar seu toque a canções do samba, manguebeat e MPB. É composto por cinco alas, divididas de acordo com os instrumentos: xequerês ou agbês, agogôs, gonguês, caixas de guerra e as alfaias ou tambores de maracatu. Ensaia todos os sábados pela tarde na Praça Marcílio Dias, no Jaraguá, sempre aberto ao público.

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