Uma brasileira que disse ter sido vítima de assédio e importunação sexual por parte de tripulantes da companhia aérea angolana TAAG Airlines, afirmou, este sábado, que tem sido alvo de comentários “maldosos” nas redes sociais após a denúncia.
O caso aconteceu no passado dia 3 de agosto, num voo de Luanda para São Paulo.
“As luzes estavam baixas, e as pessoas dormiam. A equipa de comissários estava perto do WC do fundo. Eram três homens e uma mulher”, disse Taíssa Batista Tucci, de 30 anos, nas redes sociais, segundo cita o g1.
A mulher, que é personal trainer, terá pedido licença e passou entre os tripulantes para ir à casa de banho. Quando voltava para o seu lugar, terá sido abordada por um dos profissionais.
“Ele disse que ‘o amigo de trabalho’ estava falando o quanto eu era bonita. Perguntaram se eu era casada, respondi que sim, e disseram: ‘Que pena pro seu marido’. Quando retruquei dizendo que era sorte dele, ouvi: ‘’Pena que ele precisa dividir’. Eu rebati dizendo que isso jamais aconteceria. Em seguida, um outro disse que no Brasil tinha uma coisa que eles não gostam: a Lei Maria da Penha”, alegou.
A mulher disse que se sentiu intimidada e, face a outras “situações constrangedoras” que já tinha passado, não conseguiu “responder”. “Estava com medo, frágil e impotente”, disse.
“Voltei para o meu assento e comecei a chorar. Eu estava frustrada como mulher, estava exposta. Ali eu era vítima de uma cultura do estupro, e não tinha ninguém para me ajudar. Até mesmo a comissária que estava perto deles era uma vítima. Imagina conviver com esse tipo de situação diariamente?”, questionou.
A brasileira foi à polícia, enviou uma denúncia à TAAG e denunciou o caso nas redes sociais.
A investigação passou para a alçada da Polícia Federal.
Após a denúncia, a TAAG Airlines respondeu à brasileira e lamentou “profundamente o ocorrido” e pediu desculpas “pela situação extremamente desconfortável e inaceitável durante o voo”, referindo que o “ambiente a bordo deve ser, acima de tudo, seguro e respeitoso para todos os passageiros, independentemente do género ou qualquer outra condição”.
Além disso, a companhia assegurou que encaminhou a “denúncia para as autoridades áreas competentes e que tomará todas as medidas necessárias para garantir que situações como esta não se repitam”. Contactada pelo g1, confirmou que abriu uma investigação.
Este sábado, contudo, a mulher voltou às redes sociais, desta vez para denunciar as críticas e comentários negativos de que foi alvo após contar o que tinha acontecido.
“Hoje entendo exatamente porque tantas mulheres não conseguem falar sobre quando passam situações como essas ou até muito piores que essas porque é muita coisa para você lidar. E é difícil. Estou passando isso na pele. E me desculpa se um dia vi uma situação e falei que faria diferente”, disse no Instagram.
“E olha, para todos os comentários maldosos, eu falo para vocês que não é nenhum mérito para uma mulher expor uma situação como essa. Pelo contrário, é muito difícil, porque não é só as críticas, os julgamentos e os comentários maldosos de vocês. É o nosso próprio julgamento diante do que a gente passou, diante do que a gente deveria ter agido ou deixado de agir. O nosso julgamento pela nossa fragilidade”, acrescentou.
Embora admita que as mulher são “fortes”, lamenta que se tenha sentido “frágil” e “indefesa” porque não se conseguiu “defender”.
Por outro lado, Taíssa agradeceu o apoio que recebeu, como da Câmara de Comércio, Turismo, Indústria, Ciência, Tecnologia & Cultura Brasil-Angola.
Leia Também: Brasil “deplora” plano de Israel de ocupar cidade de Gaza