A popularização do aluguel de casas de temporada trouxe praticidade, variedade e preços competitivos. Mas, na mesma velocidade, também atraiu golpistas que aproveitam a pressa das viagens, a urgência nas reservas e a confiança nas plataformas digitais para aplicar fraudes cada vez mais elaboradas.
As fraudes em aluguel de casas se tornaram um desafio crescente, especialmente porque se baseiam em estratégias convincentes e gatilhos emocionais sutis, capazes de enganar até usuários experientes, que muitas vezes não percebem o risco até efetuar o pagamento.
“Hoje, o crime digital se sofisticou. A engenharia social se mistura com anúncios falsos, perfis clonados e pagamentos fora do ambiente protegido da plataforma. É o golpe perfeito para quem está distraído”, alerta o advogado Murilo Rebouças Aranha, especialista em Direito Médico e Empresarial da FAV Advogados.
Ele reforça que os golpes muitas vezes seguem um padrão: anúncios copiados de imóveis reais, preços bem abaixo da média, perfis recém-criados e insistência para pagamento via Pix — sempre fora da plataforma. “O criminoso cria um senso de urgência. Ele faz o consumidor acreditar que está diante de uma oportunidade única e que, se não pagar agora, vai perder o imóvel para ‘outros interessados’”, alerta.
Sinais de alerta que o viajante não pode ignorar
Apesar de as fraudes estarem mais comuns, boa parte delas pode ser identificada com alguns cuidados básicos. Fotos profissionais demais, endereços que não batem com a descrição, perfis sem avaliações e descontos exagerados são alguns dos indícios. “Se o preço está muito abaixo da média da região, a chance de ser golpe é muito maior do que de ser promoção”, ressalta o advogado.
Outro ponto crítico é a insistência para migrar a conversa para o WhatsApp ou para fazer o pagamento direto. “Golpistas sempre tentam tirar o consumidor da plataforma oficial, porque ali não há mecanismos de segurança, reembolso ou rastreamento”, explica Murilo Rebouças Aranha.
Cuidados práticos, sem paranoia, mas com prevenção
O advogado reforça que não é preciso desconfiar de tudo para viajar com segurança. Mas alguns hábitos simples fazem diferença:
- Usar apenas plataformas reconhecidas;
- Manter toda a negociação dentro do site;
- Pedir videochamada para ver o imóvel em tempo real;
- Pesquisar fotos no Google para checar originalidade;
- Solicitar documentos do proprietário ou responsável;
- Evitar pagamentos 100% antecipados quando isso não é padrão da plataforma.
“É como revisar o carro antes de pegar estrada”, compara o advogado Murilo Rebouças Aranha. “São medidas simples, rápidas, que evitam prejuízos grandes e dores de cabeça enormes”.
Imagem: NT_Studio | ShutterstockContrato: burocracia ou proteção?
A formalização de contrato ainda causa resistência em muitos consumidores, mas o advogado é categórico: é essencial, mesmo em locações de curta duração. “O contrato cria responsabilidade civil e penal, estabelece regras claras e facilita qualquer reparação de dano”, explica.
Ele recomenda que o documento indique os dados completos do locador e do locatário, o endereço do imóvel, datas de entrada e saída, valores, condições de cancelamento, matrícula do imóvel e multas em caso de descumprimento. “Não é garantia absoluta, mas é a diferença entre ter um respaldo jurídico ou ficar completamente desamparado”, afirma.
O que fazer em casos de fraude?
Se o consumidor perceber que caiu em um golpe — descobrindo que o imóvel não existe, que o proprietário é falso ou que as informações não batem, a reação precisa ser imediata. Murilo Rebouças Aranha recomenda guardar todas as provas, registrar boletim de ocorrência, notificar a plataforma e tentar bloquear o pagamento junto ao banco ou cartão.
“Quanto mais rápido você agir, maiores as chances de reverter o pagamento ou responsabilizar o golpista. E, muitas vezes, também a plataforma”, destaca.
Plataformas também respondem pelos danos
Em determinados cenários, as plataformas podem ser responsabilizadas solidariamente pelos prejuízos. Isso porque, segundo o Código de Defesa do Consumidor, quando elas atuam como intermediadoras ativas, cobrando taxas, validando anúncios ou gerenciando reservas, têm responsabilidade por falhas no ambiente digital.
“A jurisprudência tem sido firme: se o golpe acontece dentro da plataforma, e se não houve mecanismos mínimos de segurança, ela responde”, explica o advogado.
No fim, o alerta principal é simples: a pressa é o combustível perfeito para o golpe. “O consumidor precisa desacelerar um pouco. Verificar informações, comparar preços, desconfiar quando algo foge do padrão”, conclui Murilo Rebouças Aranha.
Por Gabriela Andrade





