Os preços do café foram negociados em 307,7 c/lb na última segunda-feira (28), aumento de 1,5% em sete dias.
De acordo com a Hedgepoint Global Markets, o movimento se deve à passagem de uma frente fria que tende a derrubar as temperaturas nas principais áreas produtoras do país, bem como às incertezas a respeito das tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos.
Alguns modelos meteorológicos mostram queda acentuada dos termômetros no sul de Minas Gerais, com os termômetros chegando abaixo dos 5°C nos próximos três dias. Com isso, a ameaça de geadas sobre a região se intensifica.
De acordo com a analista de inteligência de mercado da Hedgepoint, Laleska Moda, além dos riscos climáticos que estão por vir, tempestades de granizo já atingiram algumas fazendas de café do sul mineiro no último fim de semana.
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“Embora o evento tenha sido localizado, afetando apenas uma pequena área, essas fazendas relataram danos causados pelas tempestades de granizo, incluindo perda de folhas e possível impacto na produção de 2026/27. No entanto, foi um evento localizado e ainda é muito cedo para avaliar a extensão dos danos”, diz.
Produtores aguardam definições
A analista destaca as regiões brasileiras de conilon, onde a safra 2025/26 está basicamente completa, o clima tem sido mais favorável, com algumas fazendas no Espírito Santo e na Bahia entrando no período de floração da safra 2026/27.
“Nesse contexto, o aumento das chuvas é vital para o desenvolvimento e fixação adequados das flores”, contextualiza.
Laleska aponta que os atuais riscos climáticos no Brasil e a questão com as tarifas dos Estados Unidos também mantiveram as vendas de café no país lentas, enquanto os produtores aguardam novas definições.
“Embora o governo brasileiro e outros agentes da cadeia de suprimentos, como o Cecafé e a Associação Nacional do Café (NCA) dos EUA, tenham se engajado em negociações comerciais com o governo dos EUA, ainda não foi alcançado um acordo para isentar o café de tarifas”, ressalta.
Oferta mundial de café para os EUA
O fluxo de café brasileiro para os EUA pode ser momentaneamente interrompido caso a tarifa de 50% sobre as exportações seja aprovada.
Segundo a analista da Hedgepoint, se isso acontecer, os torrefadores e exportadores norte-americanos terão que contar com outras origens, como Colômbia, América Central e África Oriental.
No entanto, não só a maior parte dessas origens está em sua entressafra, com oferta limitada no segundo semestre de 2025, mas os diferenciais também são maiores do que os brasileiros.

“Embora nos últimos meses os diferenciais brasileiros estiveram elevados, o grão brasileiro costuma ser mais barato do que as outras origens e, com a colheita da safra atual, os preços foram pressionados para baixo recentemente”, enfatiza.
Nesse sentido, não só os EUA podem enfrentar uma redução da oferta de café se não importarem do Brasil, mas também os preços tendem a aumentar no país.
“Em uma visão mais ampla, embora alguns países, como Japão e União Europeia, tenham chegado a acordos para diminuir as tarifas propostas atuais, as taxas ainda podem impactar a economia norte-americana, especialmente aumentando a inflação. Portanto, a médio e longo prazo, a demanda por café pode ser afetada, com as perspectivais de uma persistente volatilidade do lado dos preços”, diz.
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