A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) expôs mais um sinal de ruptura interna com o julgamento que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros investigados réus por suposta tentativa de golpe. O ministro Luiz Fux contestou a condução do caso pelo relator Alexandre de Moraes, assumindo um papel de contraponto e revivendo, ainda que informalmente, a figura do revisor, extinta pelo regimento da Corte em 2023.
Durante a sessão, Fux foi o único a divergir de Moraes sobre o foro adequado, argumentando que os réus, sem função pública, deveriam ser julgados pelo plenário do STF e não por uma turma. “Ou estamos julgando pessoas que não exercem mais função pública, e não têm foro no Supremo, ou estamos julgando pessoas que têm essa prerrogativa, e o local correto seria efetivamente o plenário”, afirmou. Além disso, demonstrou desconfiança quanto à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, destacando a recorrência de novas versões apresentadas pelo colaborador.
A atuação incisiva de Fux remete aos embates entre relator e revisor no julgamento do mensalão. Especialistas destacam que sua postura fortalece o colegiado, pois a divergência permite corrigir eventuais excessos individuais. Enquanto isso, os demais ministros da Primeira Turma, incluindo Cristiano Zanin e Cármen Lúcia, seguem alinhados a Moraes, ampliando as expectativas de novos confrontos entre os magistrados nas próximas fases do processo.