O governador de Alagoas, Paulo Dantas, determinou a criação de uma comissão especial para apurar as circunstâncias da fuga do major Pedro Silva, da Academia da Polícia Militar, no último sábado, 07.
Após a fuga, o oficial invadiu a casa da ex-companheira e assassinou o ex-cunhado, o sargento da reserva Altamir Moura Galvão de Lima, 61, e o próprio filho, Pierre Victor Pereira Silva, de 10 anos. Na sequência, ele acabou sendo morto por policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
Em entrevista à imprensa, durante o lançamento do programa Corações da Paz, Dantas ressaltou que a comissão será formada pelo comandante-geral da PM, coronel Paulo Amorim e três delegados da Polícia Civil, designados pelo diretor-geral, Gustavo Xavier.
“Esse cidadão criminoso estava no sistema prisional alagoano e foi concedida, por meio de uma decisão judicial, a transferência para a academia da Polícia Militar, o que certamente facilitou a sua fuga. Solicitei que o comandante da PM, coronel Paulo Amorim, e três delegados investiguem como e qual foi a falha para a saída dele da academia da PM”, informou o governador.
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MPE acompanha investigações
O Ministério Público Estadual também se manifestou sobre o caso e cobra respostas sobre a fuga do major. O caso está sendo acompanhado de perto pela promotora de Justiça, Karla Padilha, titular da 62ª Promotoria de Justiça da capital, com atribuição no Controle Externo da Atividade Policial.
“Nós vamos instaurar um procedimento e também acompanhar as investigações que serão realizadas pelas Polícia Civil e Militar. Já estamos pedindo informações à PM, queremos as imagens das câmeras de videomonitoramento do local para poder sabermos quem estava de plantão no dia em que o major fugiu e, ainda, precisamos descobrir quem autorizou e forneceu o aparelho celular que o militar usou para gravar vídeos de dentro da academia. Então, tudo isso vai ser objeto de acompanhamento por parte da Promotoria do Controle Externo. Em paralelo, monitoraremos de perto o trabalho das polícias sobre a fuga do major, responsável pelo assassinato de duas pessoas no último sábado, e que terminou também sendo alvejado pela própria Polícia Militar, vindo a falecer. É necessário que se apure com extremo rigor esse fato para que futuros casos não ocorram, e para além disso, para que se identifique e puna quem foram os responsáveis por essa fuga, que pode ter ocorrido por uma conduta omissiva ou comissiva (comportamento ativo que gera consequências legais, podendo ser intencional). Se ela não tivesse ocorrido, três mortes poderiam ter sido evitadas”, declarou a promotora.
Karla Padilha alertou ainda sobre a necessidade de investimentos na saúde mental dos profisssionais de segurança pública. “Também é preciso que se atente para a necessidade de investimentos da Polícia Militar na saúde mental dos seus policiais. Os fatos são graves e merecem um olhar de preocupação por parte do Ministério Público e do estado”, acrescentou ela.
Major usou filhos para fugir de prisão antes de matar criança e ex-cunhado
Entenda o caso
No último sábado, 07, o major Pedro Silva fugiu da Academia da Polícia Militar, onde estava detido por violência doméstica, e invadiu a casa da ex-mulher, localizada na Rua Manaus, bairro do Prado. Na ocasião, o oficial fez cinco pessoas de reféns.
As negociações, que se estenderam por várias horas, foram lideradas pelo Bope com auxílio da filha mais velha do major, de 32 anos, única pessoa com quem ele aceitava conversar.
Mesmo com as tentativas de mediação, o cenário dentro da residência se transformou em uma cena de carnificina, segundo relatos das autoridades. O filho mais velho do major foi morto com extrema violência, com indícios de mutilação, de acordo com o secretário executivo da SSP, Patrick Maia. O cunhado do PM, que também era policial militar, também foi executado no local.
Diante do agravamento da situação e após a execução dos reféns, a equipe do Bope invadiu o imóvel e houve confronto. O major foi baleado e morreu ainda no local.
A operação do Bope conseguiu salvar três pessoas: a ex-mulher do major, uma irmã dela e o filho caçula do casal, de apenas 2 anos. O caso segue em investigação da Polícia Civil de Alagoas.