Ao assinalar o Dia Mundial da Ajuda Humanitária, Guterres frisou que os trabalhadores humanitários são “a última tábua de salvação” para mais de 300 milhões de pessoas envolvidas em conflitos ou desastres em todo o mundo, apesar de estarem sob constante ataque.
O líder da ONU recordou que 383 funcionários humanitários foram mortos em 2024, em locais como Gaza, Sudão, Myanmar, entre outros, onde “linhas vermelhas são cruzadas impunemente”.
“O direito internacional é claro: os trabalhadores humanitários devem ser respeitados e protegidos. Jamais podem ser alvos. Esta regra não é negociável e é vinculativa para todas as partes em conflito, sempre e em qualquer lugar”, afirmou Guterres.
“Os governos prometeram agir — e o Conselho de Segurança traçou um caminho para proteger os humanitários e o seu trabalho de salvar vidas. As regras e ferramentas existem. O que falta é vontade política e coragem moral”, advogou ainda.
O antigo primeiro-ministro português pediu que as homenagens a esses trabalhadores se traduzam em ações concretas, como em mais investimento na sua segurança e proteção.
Guterres defendeu ainda o fim das “mentiras que custam vidas” e apelou a uma maior responsabilização que leve os perpetradores à Justiça.
“Juntos, vamos dizer a uma só voz: um ataque aos trabalhadores humanitários é um ataque à humanidade. Vamos agir pela humanidade”, concluiu.
Hoje assinala-se o Dia Mundial da Ajuda Humanitária.
A data recorda o ataque ocorrido no dia 19 de agosto de 2003 contra a sede das Nações Unidas em Bagdade, Iraque, que matou 22 funcionários da ONU, incluindo o representante especial no Iraque, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que liderou a administração da ONU em Timor-Leste entre 1999 e 2002.
No mesmo ataque, 155 funcionários ficaram feridos.
A morte dos 383 trabalhadores humanitários, no ano passado, representa um aumento de 31% em relação a 2023.
Segundo a ONU, o aumento do número de mortos, em 2024, foi provocado pelos conflitos na Faixa de Gaza onde 181 trabalhadores humanitários perderam a vida.
No conflito do Sudão morreram, no ano passado, 60 funcionários que prestavam ajuda humanitária junto das populações civis.
De acordo com a ONU, a maioria destes assassínios em 2024 foi perpetrada por agentes estatais, sendo que a maioria dos mortos eram funcionários locais, atacados em serviço ou nas casas onde residiam.
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