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Israel considera “novas opções” face aos obstáculos criados pelo Hamas

“O enviado especial [norte-americano] para o Médio Oriente, Steve Witkoff, está certo. O Hamas é o obstáculo para a libertação dos reféns. Agora, estamos a considerar opções alternativas para trazer os reféns para casa, pôr fim ao regime terrorista do Hamas e manter uma paz duradoura para Israel e para a nossa região”, indicou o primeiro-ministro israelita, citado num comunicado divulgado pelo seu gabinete.

 

As declarações de Netanyahu surgem depois de, na quinta-feira, ter ordenado à sua equipa negocial que abandonasse Doha (Qatar), onde têm decorrido negociações indiretas para um cessar-fogo, e regressasse a Israel, na sequência das mais recentes exigências do grupo extremista palestiniano Hamas relativamente à proposta negocial atualmente em cima da mesa.

Horas depois, o chefe dos serviços de segurança interna israelita (Shin Bet), Ronen Bar, também ordenou a retirada da sua equipa negocial da capital do Qatar, justificando a decisão com a “falta de vontade” do Hamas para uma trégua na Faixa de Gaza.

Por sua vez, o grupo palestiniano manifestou-se “surpreendido” com as declarações de Bar e reafirmou o “compromisso em concluir as negociações e participar nelas de forma a ultrapassar os obstáculos e alcançar um acordo de cessar-fogo permanente”, segundo um comunicado divulgado nas últimas horas.

“Todos os palestinianos em Gaza sentiram frustração após o anúncio de Bar sobre o colapso parcial ou o impasse nas negociações para uma trégua na Faixa de Gaza. O povo esperava que fosse anunciada uma trégua nos próximos dias”, declarou à agência noticiosa espanhola EFE Taufiq Abu Yarad, professor universitário na Cidade de Gaza.

O académico sublinhou ainda a urgência de um cessar-fogo face à grave crise humanitária que atinge um número crescente de habitantes de Gaza, sobretudo crianças.

“Quando vemos uma criança a dormir com um pedaço de pão na mão, que conseguiu no dia anterior, sentimos que precisamos desesperadamente de uma trégua para podermos descansar um pouco. Espero que nos próximos dias haja mais pressão e que se possa alcançar uma solução definitiva”, afirmou.

Num novo balanço do conflito, divulgado na quinta-feira, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo extremista Hamas, informou que registou 59.587 mortos e 143.498 feridos.

Nessa contagem incluem-se pelo menos 115 mortos por fome ou desnutrição desde o início da ofensiva israelita, em outubro de 2023.

A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

A retaliação de Israel, que também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária, provocou igualmente a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

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