“Desenvolvemos um plano com os nossos amigos americanos para controlar os locais de distribuição onde uma empresa americana distribuiria alimentos às famílias palestinianas”, disse Netanyahu durante um discurso em Jerusalém.
“Houve uma perda temporária de controlo” quando os palestinianos acorreram a um centro aberto hoje em Rafah [sul da Faixa de Gaza]”, afirmou o chefe do Governo, acrescentando que posteriormente a situação foi normalizada.
Anteriormente um militar israelita tinha considerado sob anonimato à agência de notícias France Presse (AFP) que “a distribuição de ajuda hoje pelos fornecedores norte-americanos foi um sucesso”.
O início da entrega da ajuda humanitária na Faixa de Gaza por uma organização norte-americana ficou hoje marcada por distúrbios, com uma multidão a invadir o centro de distribuição, enquanto agências internacionais relataram disparos israelitas.
A nova Fundação Humanitária de Gaza (GHF), dos Estados Unidos e com apoio israelita, que gere estes centros, relatou que centenas de pessoas saltaram as vedações e invadiram uma das zonas de distribuição de ajuda nos arredores de Rafah.
A fundação disse, em comunicado, que “a certa altura da tarde, o volume de pessoas no ponto de distribuição era tal que a equipa da GHF teve de se retirar para permitir que um pequeno número de habitantes de Gaza recebesse a ajuda em segurança e se dispersasse”.
A distribuição foi retomada após o incidente, indicou a organização.
O organismo militar de Israel que coordena os assuntos civis nos territórios ocupados (Cogat) informou hoje que cerca de 400 camiões com ajuda humanitária estão à espera na passagem fronteiriça de Kerem Shalom para que as agências da ONU recolham o seu conteúdo.
As agências das Nações Unidas têm argumentado que o fluxo de ajuda ao território palestiniano é insuficiente e limitado por restrições como a travessia de áreas inseguras devido aos combates, risco de pilhagens e atrasos por causa da coordenação com os militares israelitas.
“Nos últimos dias, a ONU evitou cumprir o seu papel e, em vez disso, continuou a espalhar informações falsas e imprecisas sobre o sofrimento dos civis”, criticou Ghassan Alian, coordenador das atividades do Governo israelita nos territórios palestinianos, na rede social X.
Israel iniciou há uma semana e meia uma nova operação terrestre e aérea no território, após ter quebrado em meados de março o cessar-fogo em vigor com o grupo islamita palestiniano Hamas.
O início desta operação coincidiu com o levantamento do bloqueio que se mantinha há mais de dois meses à entrada de ajuda humanitária à população do enclave, que já enfrentava o risco de fome, segundo as agências da ONU.
O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 54 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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