O jovem de Brasília, que foi diagnosticado com Síndrome de Fournier em janeiro deste ano, anunciou em suas redes sociais que vai, finalmente, fazer a cirurgia para reconstrução do trânsito do trato intestinal e retirada da bolsa de colostomia.
Renato de Sá, de 30 anos, contou com uma campanha de doações, que reuniu R$ 35 mil. Ele será operado no dia 13 de agosto. Ao g1, ele disse que está animado com a notícia.
“Estou vivendo um mix de ansiedade e nervosismo. Ainda sem acreditar. Estou muito feliz que está tão perto do fim. Mas também com medo, por ser mais uma cirurgia, e toda cirurgia tem seus perigos”, diz Renato.
- 🔎 Síndrome de Fournier: infecção bacteriana que acomete a região genital e causa a morte dos tecidos da área.
A cirurgia está disponível na rede pública, mas a fila de espera é grande. Segundo Renato, a estimativa oficial é de uma demora de até três anos.
No hospital particular, não há fila – mas o custo da cirurgia é alto em razão da complexidade. “Tem chance de precisar de internação em UTI, bolsa de sangue, mais materiais, caso ocorra algum imprevisto. Então, o gasto inicial é de R$ 35 mil“, explicou Renato.
Renato conseguiu marcar o procedimento com mais rapidez depois de fazer uma campanha, através de suas redes sociais, para arrecadar doações.
“Em menos de 15 horas, a gente bateu [a meta], foi bem impressionante. Eu não conseguia parar de chorar, porque na minha cabeça essa cirurgia ia demorar dois anos. E vou poder fazer mês que vem”, comemorou em um vídeo nas redes sociais.
“Eu só tenho a agradecer por todos que me ajudaram. Eu tô muito feliz. Mal tô acreditando, que já tem data marcada para esse pesadelo chegar ao fim. Vai dar tudo certo. Já deu”, comemora Renato.
Relembre o caso
Em plena viagem de férias, voltando ao Brasil após uma temporada no exterior, Renato foi diagnosticado com a doença rara.
Segundo ele, o desconforto começou no dia 21 de janeiro – mas começou a piorar rapidamente. Ele chegou a ir em unidades de pronto-atendimento (UPAs) e recebeu orientações de medicação, mas a síndrome ainda não tinha sido identificada.
“Foi horrível. A dor foi só aumentando. Não conseguia mais sentar direito, só ficar deitado. Eu estava em Goiânia e fui em uma UPA de lá. E eles só passaram remédio para dor na veia. Aí eu voltei para Brasília, e fui direito para o Hospital de Base. Lá eu já cheguei chorando de dor, de cadeira de rodas”, conta Renato.
Menos de uma semana depois do primeiro sintoma, no dia 27, a infecção já havia se alastrado – e as dores tinham se tornado insuportáveis.
No Hospital de Base, Renato recebeu o diagnóstico que mudaria tudo em sua vida.
“Eles falaram que eu estava com essa infecção bacteriana. Eu só queria que a dor passasse. Fiquei muito assustado com tudo. Não estava entendendo o que estava acontecendo comigo. E com a dor eu acho que desassociei um pouco, porque só lembro de entrar gritando na sala de cirurgia e pedir pelo amor de Deus para fazerem aquela dor parar. Foi quando me sedaram”, relembra.
No momento da primeira cirurgia, Renato já estava em estado de sepse, e por isso corria risco de morrer. “A primeira cirurgia, que eu só tinha 5% de chance, foi só para salvar a minha vida”.
“A segunda cirurgia foi quando eles tiraram toda a pele necrosada pela bactéria e colocaram uma bolsinha de colostomia em mim. A partir daí, eu fiquei quatro dias na morfina para aguentar a dor, sem conseguir andar, ir ao banheiro, tomar banho. As enfermeiras me davam banho na maca e eu urinava pela sonda. Foram os 18 dias no hospital”, lembra.
De acordo com Renato, foi possível combater a bactéria que tinha causado a infecção.
“Eu consegui voltar a andar aos poucos, fui para casa. Depois de alguns meses, a pele retirada se regenerou, e hoje eu estou bem, estou saudável, recuperado. Agora é fazer a cirurgia de reconstrução”.