O mercado brasileiro do boi gordo voltou a se deparar com tentativas de compra em patamares mais baixos ao longo desta semana.
Conforme o analista de Safras & Mercado Fernando Iglesias, o ambiente segue pautado por escalas de abate relativamente confortáveis por parte dos frigoríficos e pela boa entrada de animais confinados no mercado.
Segundo ele, merece destaque a boa oferta de fêmeas observada na Região Norte. “De maneira geral, o cenário de queda nos abates vem perdendo intensidade em determinados estados”, pontua.
Iglesias acrescenta que o quadro traçado em relação aos Estados Unidos ainda é preocupante, considerando o adicional tarifário que inviabiliza a carne bovina brasileira no mercado norte-americano.
O que esperar de agosto?
O analista de Safras & Mercado avalia que o mês de julho foi “desastroso” para a arroba do boi gordo. No entanto, há sinais de recuperação e preços mais firmes, ao menos nos primeiros 15 dias de agosto.
“O mercado tem condições de operar com preços melhores na primeira quinzena de agosto. Há o dia dos pais, que é um importante motivador de consumo de carne bovina no mercado interno, por exemplo. Então este próximo mês oferece espaço para recuperação da arroba do boi, mesmo que esse movimento seja comedido.”
Para Iglesias, o mercado pecuário brasileiro já assimilou a questão do tarifaço dos Estados Unidos e fez as adequações necessárias quanto à realocação de destino para a proteína embarcada.
“Já no mercado global, estamos em uma expectativa de redirecionamento. Austrália, Uruguai, Argentina e Nova Zelândia devem ganhar mercado nos Estados Unidos, mas como eles não têm uma capacidade de produção muito ampla, ou seja, possuem um ‘cobertor curto’, terão de deixar de suprir necessidades do mercado asiático, do Oriente Médio e de outras nações, que podem, por sua vez, abrir espaço e novas boas possibilidades ao Brasil. Portanto, estamos diante de um rearranjo da corrente do mercado global”, avalia.
Preços médios da arroba do boi
Os preços da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do Brasil estavam assim em 24 de julho em comparação ao dia 18:
- São Paulo (Capital): R$ 290, queda de 1,69% frente aos R$ 295 da semana passada.
- Goiás (Goiânia): R$ 278, recuo de 0,81% perante os R$ 280 registrados anteriomente
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 285, valor inalterado ante o fechamento da semana anterior
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 295, estável em relação à semana passada
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 295, queda de 1,67% frente aos R$ 300 dos últimos sete dias
- Rondônia (Vilhena): R$ 258, perda de 2,64% em comparação aos R$ 265 do período anterior
Mercado atacadista
O mercado atacadista se deparou com preços inalterados no decorrer da semana. “Entretanto, o ambiente de negócios sugere a continuidade do movimento de queda no curto prazo, considerando a reposição mais lenta entre atacado e varejo durante a segunda quinzena do mês”, diz o analista.
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De acordo com ele, além disso, a carne de frango segue muito mais competitiva em comparação com à carne bovina e às demais proteínas concorrentes.
O quarto do traseiro do boi foi cotado a R$ 21,80 o quilo. Já o quarto do dianteiro do boi foi vendido por R$ 17,50 o quilo, ambos sem alterações frente à semana anterior.
Exportações de carne bovina

As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 958,179 milhões em julho (14 dias úteis), com média diária de US$ 68,441 milhões, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A quantidade total exportada pelo país chegou a 172,709 mil toneladas, com média diária de 12,336 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 5.547,90.
Em relação a julho de 2024, houve alta de 50,5% no valor médio diário da exportação, ganho de 19,5% na quantidade média diária exportada e avanço de 25,8% no preço médio.
*Com informações de Safras News
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