Internacional

“Má conduta”. EUA pedem expulsão de Francesca Albanese da ONU

Em comunicado de imprensa, a missão norte-americana junto das Nações Unidas manifestou mais uma vez “graves preocupações” com a postura de Francesca Albanese e insistiu para que o secretário-geral “condene as suas atividades e solicite a sua remoção” do cargo.

 

Os Estados Unidos alertaram para o potencial de perda de credibilidade das Nações Unidas caso a relatora permaneça no cargo, a quem acusam de praticar “antissemitismo”.

Washington considerou ainda que as alegações de Albanese de que Israel está a cometer genocídio em Gaza e a envolver-se num sistema de ‘apartheid’ “são falsas e ofensivas”.

“Nas últimas semanas, a senhora Albanese intensificou o seu padrão de anos de antissemitismo virulento e de implacável preconceito anti-Israel, enviando correspondência ameaçadora a dezenas de entidades em todo o mundo, incluindo grandes empresas americanas”, diz o comunicado norte-americano a que a Lusa teve acesso.

Estas cartas “apresentam argumentos jurídicos profundamente falhos para apoiar acusações extremas e infundadas de que estas organizações são cúmplices de graves violações dos direitos humanos, ‘apartheid’ e genocídio. Estas cartas constituem também uma inaceitável campanha de guerra política e económica contra a economia americana e mundial”, acusou a missão dos EUA.

Em causa está um relatório que Albanese apresentará esta semana ao Conselho de Direitos Humanos da ONU e que conclui que o “genocídio” levado a cabo por Israel em Gaza está a ser “lucrativo” para muitas multinacionais de setores como tecnologia, bancos e armas, e que “inúmeras corporações influentes” se beneficiam dele.

Os Estados Unidos já se tinham oposto à renovação do mandato de Francesca Albanese até 2028, alertando Guterres de que tal demonstraria um desrespeito pelo código de conduta dos relatores especiais da ONU e resultaria em “ainda mais desgraça para as Nações Unidas”.

A missão norte-americana argumentou que o “antissemitismo maligno e o apoio ao terrorismo” de Albanese são condutas que a tornam inapta para exercer as funções de relatora especial.

Washington acusou ainda a diplomata de deturpar as suas qualificações para a função, advogando que a italiana “afirma ser uma advogada internacional, apesar de nunca ter sido aprovada num exame da ordem dos advogados ou de ter sido licenciada para exercer advocacia”.

“Os Estados Unidos reiteram o seu pedido para que o secretário-geral condene diretamente as atividades da senhora Albanese e peça a sua destituição do cargo de relatora especial. A falta de tal ação até à data permitiu que continuasse a sua campanha de guerra económica visando entidades de todo o mundo”, conclui o comunicado.

Albanese, que está mandatada pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, mas que não fala em nome da organização, é uma das vozes mais críticas da guerra de Israel em Gaza, assim como do plano de Donald Trump para ocupar o enclave palestiniano e deslocar a sua população. 

A jurista italiana foi igualmente uma das primeiras vozes a classificar as ações de Israel contra a população palestiniana como “genocídio”.

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