A maioria destas 1.865 vítimas – oriundas de 22 países – morreu na designada “rota atlântica”, que tem como destino as ilhas Canárias, revelou a ONG no estudo publicado hoje.
Nesta “rota atlântica”, que “continua a ser a mais mortífera”, morreram 1.482 pessoas entre janeiro e maio, que iam a bordo de embarcações que saíram, sobretudo, da Mauritânia, mas também do Senegal, Gâmbia e Marrocos, na costa ocidental africana.
Segundo os mesmos dados, houve já este ano, no total, no mediterrâneo e no atlântico, “113 tragédias” com estas embarcações, conhecidas em Espanha como ‘pateras’ ou ‘cayucos’, e dos 1.865 mortos, 342 são menores de idade e 112 são mulheres.
No caso de 38 embarcações, desapareceram no mar todas as pessoas que iam a bordo e a maior parte das mortes ocorreu em janeiro (767) e fevereiro (618).
As vítimas eram pessoas oriundas de 22 países diferentes e não apenas africanos, com migrantes do Afeganistão, Paquistão, Sìria ou Bangladesh identificados pela ONG.
“Na Caminando Fronteras insistimos em que estas mortes são evitáveis: são o resultado de decisões políticas, de omissões calculadas e de uma arquitetura fronteiriça que normaliza a morte como parte dos sistemas de controlo”, lê-se no relatório do estudo da ONG, que identifica casos de ativação tardia de socorro a embarcações precárias e inexistência de protocolos conjuntos entre países para estas situações ou colaboração internacional frágil.
A Caminando Fronteras elabora anualmente dois relatórios sobre os migrantes que morrem no mar a tentar chegar a Espanha, com base em dados oficiais e de associações de comunidades migrantes, assim como testemunhos e denúncias tanto das comunidades como de famílias de desaparecidos, seguindo metodologias usadas pelas ONG para contabilizar vítimas em diversos pontos do mundo, como acontece na fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Espanha aproximou-se em 2024 do número recorde de chegadas irregulares de migrantes que o país atingiu há seis anos, com 63.970 entradas, um aumento de 12,5% face a 2023, segundo o Ministério da Administração Interna espanhol.
Em 2018, o país atingiu um máximo histórico de entradas irregulares: 64.298.
No ano passado, a maior parte das entradas foi feita por via marítima e dessas, a grande maioria, 73% do total, foi feita pela rota das Ilhas Canárias, através da qual cerca de 46.843 pessoas tentaram alcançar território espanhol, mais 17% do que no ano anterior.
Segundo dados oficiais, o número de chegadas de migrantes este ano às Canárias diminuiu 35% comparando com os mesmos meses de 2024.
O governo regional das Canárias tem apelado à ajuda europeia e à solidariedade das restantes regiões autónomas espanholas para responder à chegada de migrantes às ilhas sobretudo para o acolhimento de milhares de menores de idade que chegam às sozinhos, não acompanhados por um adulto.
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