Internacional

Militares ucranianos com pouca esperança em acordo com Putin

Exasperado por Putin não ter respondido aos seus apelos para travar os bombardeamentos nas cidades ucranianas, Trump antecipou há quase duas semanas para hoje o prazo do seu ultimato para impor sanções adicionais à Rússia e introduzir tarifas secundárias contra os países que compram petróleo russo caso o Kremlin (presidência russa) não avance para um acordo.

 

Quando decorrem iniciativas para um encontro ao mais alto nível dos dirigentes dos Estados Unidos e da Rússia, militares ucranianos contactados pela agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP) mostraram-se descrentes num acordo com o Kremlin.

“É impossível negociar com eles. A única opção é derrotá-los”, comentou à AP Buda, comandante da Brigada Espartana colocado em Pokrovsk, utilizando apenas o seu nome de código, em conformidade com as regras do Exército ucraniano.

A zona de Pokrovsk, na região leste de Donetsk, é uma das que está a sofrer o maior impacto da intensificação da ofensiva de verão da Rússia, que procura invadir a região vizinha de Dnipro.

Os esforços de Trump para pressionar Putin a interromper os combates não produziram qualquer progresso até à data e o Exército russo tem aproveitado a sua superioridade para avançar lentamente nos meses de verão para o interior da Ucrânia, apesar de um grande custo em tropas e blindados, enquanto bombardeia implacavelmente as cidades ucranianas.

As forças ucranianas estão pelo seu lado a resistir em batalhas intensas ao longo da linha da frente de cerca de mil quilómetros, que se estende do nordeste ao sudeste da Ucrânia.

Estão também a ocorrer fortes combates na região fronteiriça de Sumy, no nordeste da Ucrânia, onde as forças ucranianas tentam impedir o envio de reforços desta área para Donetsk.

Apesar das dificuldades na frente de combate, na região sul de Zaporijia, um comandante de obuses que utiliza o código Varsóvia disse que as tropas estão determinadas a frustrar a invasão russa.

“Estamos no nosso território, não temos saída. Portanto, mantemos a nossa posição, não temos escolha”, observou, num discurso comum entre os militares ucranianos sobre a inevitabilidade da sua missão desde há longa data.

O Kremlin anunciou hoje que Putin manteve um telefonema com o Presidente chinês, Xi Jinping, no qual o informou sobre os resultados da sua reunião no início desta semana com o enviado da Casa Branca, Steve Witkoff.

As autoridades do Kremlin disseram que Xi “expressou apoio à solução da crise ucraniana a longo prazo”.

Putin deverá visitar no próximo mês a China, que os Estados Unidos acusam de apoiar os esforços de guerra da Rússia, juntamente com a Coreia do Norte.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou na rede social X que também falou por telefone com Putin sobre os últimos acontecimentos na Ucrânia, após Trump ter assinado na quarta-feira um decreto para impor uma tarifa adicional de 25% a Nova Deli sobre as suas compras de petróleo russo.

Estas chamadas de Putin ocorreram após conversações telefónicas com os líderes da África do Sul, Cazaquistão, Uzbequistão e Bielorrússia, informou o Kremlin.

O Presidente norte-americano revelou na quinta-feira que se reuniria com Putin mesmo que o líder russo não aceitasse a presença do seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, alimentando o receio na Europa de que Kiev possa ser marginalizada nos esforços para travar o maior conflito do continente desde a Segunda Guerra Mundial.

O líder russo confirmou que esperava reunir-se com Trump já na próxima semana, possivelmente nos Emirados Árabes Unidos, mas a Casa Branca (presidência norte-americana) indicou que ainda estava a analisar os detalhes de qualquer possível encontro.

O Instituto para o Estudo da Guerra, um ‘think tank’ (grupo de reflexão) de Washington que avalia os progressos no conflito da Ucrânia desde o início da invasão, em fevereiro de 2022, considerou na quinta-feira que “Putin continua desinteressado em terminar a sua guerra e está a tentar extrair concessões bilaterais dos Estados Unidos sem se envolver significativamente num processo de paz”.

Para o ISW, Putin continua “a acreditar que o tempo está do lado da Rússia e que a Rússia pode sobreviver à Ucrânia e ao Ocidente”.

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