A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo administrativo para investigar três ministros do governo por possíveis irregularidades em sua nomeação para o Conselho de Administração da Tupy, multinacional do setor metalúrgico. Carlos Lupi (Previdência), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Vinicius Marques de Carvalho (CGU) foram indicados pela BNDESPar, que detém 28,19% da empresa, mas assumiram os cargos sem parecer prévio sobre conflito de interesses.
A Comissão de Ética Pública da Presidência só analisou o caso meses depois, pressionada pela CVM. Mesmo com parecer favorável, a situação segue em aberto e pode resultar em censura pública, manchando ainda mais a reputação do governo. O problema não para por aí: com salários públicos e ganhos da Tupy, os ministros faturam mais de R$ 83 mil por mês, quase o dobro do teto do funcionalismo.
A prática, recorrente em administrações marcadas pelo loteamento de cargos, expõe um sistema onde agentes públicos lucram em conselhos de empresas ligadas ao setor estatal. A CVM notificou a Tupy sobre a falta de autorização prévia, evidenciando mais um capítulo de descaso com a transparência e as leis do país.