“É uma agressão, uma interferência no judiciário brasileiro, uma interferência na soberania. O único país que teve elemento político colocado nas tarifas foi o Brasil. Não é uma questão só comercial. É uma intervenção na soberania do país”, disse, em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre.
A manifestação foi convocada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) contra a sanção às exportações brasileiras, imposta pelo líder republicano em defesa do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que enfrenta um processo no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.
Segundo Trump, Bolsonaro é vítima de uma “caça às bruxas” por parte do Governo e do Poder Judicial do Brasil.
Em algumas cidades, o protesto foi realizado em frente a repartições diplomáticas dos Estados Unidos no Brasil, como consulados ou, no caso de Brasília, às portas da embaixada.
São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus, Recife, Florianópolis tiveram manifestações confirmadas.
Em São Paulo, também não faltaram manifestantes fantasiados à Donald Trump, com fato azul e gravata, bem como outros com máscaras de Bolsonaro, algemados e usando pulseira eletrónica, em referência a uma das últimas medidas cautelares impostas ao ex-Presidente.
Além disso, queimaram dólares falsos, bonecos de Trump e Bolsonaro e até mesmo uma bandeira dos Estados Unidos.
Na quarta-feira, os Estados Unidos impuseram a Lei Magnitsky ao juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes, dispositivo que impõe sanções económicas por violações graves contra os direitos humanos ou corrupção. Poucas horas depois, o Presidente norte-americano, Donald Trump, assinou o decreto que oficializa a imposição de tarifas de 50% a vários produtos brasileiros.
As duas decisões estão intimamente ligadas e têm como peça central Alexandre de Moraes, relator do processo no qual Jair Bolsonaro e o seu núcleo são acusados de tentativa de golpe de Estado contra Lula da Silva.
Além de ser considerado o ‘inimigo número um’ do Bolsonarismo, foi também relator do caso no qual o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as plataformas de redes sociais são responsáveis pelo conteúdo ilegal partilhado pelos utilizadores.
Plataformas norte-americanas como X, Instagram ou Facebook devem agora remover imediatamente conteúdo ilegal, como, por exemplo, aquele que defende terrorismo, pornografia infantil, atos antidemocráticos, ou incita ao ódio, sem esperar pela decisão de um juiz.
Estes dois casos foram usados como justificação dos EUA para as sanções tarifárias e contra o próprio juiz.
As sanções anunciadas bloqueiam os possíveis bens e propriedades de Alexandre de Moraes nos Estados Unidos e proíbem os cidadãos norte-americanos de realizarem com ele qualquer transação e surgem depois do juiz ter decretado várias medidas cautelares a Bolsonaro, como o uso de pulseira eletrónica, a proibição de utilizar redes sociais e ainda recolher obrigatório noturno.
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