Alagoas

O que sabemos sobre submarinos enviados por Trump após ameaça russa

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta sexta-feira (1º), o envio submarinos nucleares para “regiões apropriadas” após ameaças do ex-presidente russo Dmitry Medvedev.

“Ordenei o posicionamento de dois submarinos nucleares nas regiões apropriadas para o caso de essas declarações tolas e inflamatórias serem mais do que apenas isso”, disse Trump em uma publicação na Truth Social. “Palavras são muito importantes e muitas vezes podem levar a consequências indesejadas. Espero que este não seja um desses casos”, concluiu.

Questionado posteriormente por repórteres sobre o motivo de ter ordenado o movimento do submarino, Trump disse: “Uma ameaça foi feita por um ex-presidente da Rússia, e vamos proteger nosso povo”.

O líder americano, no entanto, não especificou a localização dos submersíveis.

AMEAÇA RUSSA: “PASSO RUMO À GUERRA”

Na última segunda-feira (28), Dmitry Medvedev, que foi presidente da Rússia entre 2008 e 2012, se pronunciou sobre a pressão dos EUA para o fim do conflito no leste europeu. Ele disse que o ultimato de Trump significava um “passo rumo à guerra” – não entre Rússia Ucrânia, mas “com o próprio país dele”.

Medvedev afirmou que o líder americano estava “brincando com jogos de ultimatos com a Rússia: 50 dias ou 10”. Ele acrescentou que o país não deve ser tratado como Israel ou Irã e que Moscou tinha capacidade para um ataque nuclear “em último recurso”.

A reação aflorada do ex-mandatário russo aconteceu após Trump reduzir o prazo anterior de 50 dias que havia dado para que a Putin fechasse um acordo de paz com a Ucrânia. Agora, o novo prazo americano é de 10 dias.

A Marinha dos EUA e o Pentágono se recusaram a comentar as declarações de Trump ou se submarinos foram movidos.

É extremamente raro que as Forças Armadas dos EUA discutam a implantação e a localização de submarinos americanos, dada sua missão sensível.

TENSÃO ENTRE WASHINGTON E MOSCOU

Os comentários de Trump ocorreram em um momento de crescente tensão entre Washington e Moscou, à medida que o presidente fica cada vez mais frustrado com o que ele vê como uma falha de Putin em negociar o fim de sua invasão da Ucrânia.

Além disso, Trump não especificou o que quis dizer com “submarinos nucleares”. Os submarinos dos EUA são movidos a energia nuclear e podem ser armados com mísseis com ogivas nucleares, embora nem todos sejam.

Os Estados Unidos têm um total de 14 submarinos nucleares da Classe Ohio. Cada um deles é capaz de transportar até 24 mísseis balísticos Trident II D5 que podem lançar múltiplas ogivas termonucleares a até 4.600 milhas.

Entre 8 e 10 submarinos da Classe Ohio são mobilizados ao mesmo tempo, de acordo com o grupo de controle de armas da Iniciativa de Ameaça Nuclear.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS

Segundo especialistas em segurança, conversas de um presidente dos EUA sobre potenciais capacidades militares nucleares levanta preocupações. Historicamente, os Estados Unidos se abstiveram comentar sobre ataques nucleares, dados os riscos que cercam o armamento mais devastador do mundo.

“Isso é irresponsável e desaconselhável”, disse Daryl Kimball, diretor executivo do grupo de defesa da Associação de Controle de Armas. “Nenhum líder ou vice-líder deveria ameaçar uma guerra nuclear, muito menos de forma infantil nas redes sociais.”

Hans Kristensen, da Federação de Cientistas Americanos, observou que os submarinos nucleares dos EUA – parte da chamada tríade nuclear com bombardeiros e mísseis terrestres – estavam sempre posicionados para lançar mísseis com armas nucleares contra alvos na Rússia.

QUEM É DMITRY MEDVEDEV

Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, emergiu como um dos líderes antiocidentais mais declarados do Kremlin desde que a Rússia enviou dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia em 2022.

Os críticos do Kremlin o ridicularizam como um irresponsável impulsivo, embora alguns diplomatas ocidentais digam que suas declarações ilustram o pensamento nos principais círculos de formulação de políticas do Kremlin.

Anteriormente, autoridades dos EUA disseram à Reuters, antes dos últimos comentários de Trump, que os comentários de Medvedev não estavam sendo considerados uma ameaça séria, e não está claro o que motivou o último anúncio de Trump além do confronto público entre os dois nas redes sociais.

Leia também