Um jovem palestino-americano foi espancado até à morte por colonos israelitas, na sexta-feira, enquanto visitava familiares na Cisjordânia ocupada. A família, que deu conta do “pesadelo inimaginável” que está a viver, exigiu que o Departamento de Estado dos Estados Unidos “conduza uma investigação imediata” e atribua responsabilidades.
Sayfollah ‘Saif’ Musallet, de 20 anos, foi “brutalmente espancado até à morte” em confrontos na cidade de Sinjil, a nordeste de Ramallah, confirmou a família do jovem e o Ministério da Saúde palestiniano, de acordo com a agência Reuters.
A família denunciou, através das redes sociais, que um grupo de colonos israelitas bloqueou a passagem de uma ambulância acionada para assistir o jovem durante cerca de três horas. Depois de os agressores se terem retirado, o irmão de Saif conseguiu alcançá-lo e transportá-lo até aos meios de socorro. Contudo, a vítima “morreu antes de chegar ao hospital”, noticiou a NBC News.
“Este é um pesadelo inimaginável e uma injustiça que nenhuma família deveria ter de enfrentar. Exigimos que o Departamento de Estado dos Estados Unidos conduza uma investigação imediata e que responsabilize os colonos israelitas que mataram Saif pelos seus crimes”, escreveu a família, citada pela Reuters.
Nascido e criado na Florida, Saif tinha acabado de abrir uma gelataria com o pai, em Tampa. O jovem tinha viajado até à Cisjordânia a 4 de junho, para “passar tempo com os seus entes queridos”, disse a BBC.
“Saif era um irmão e um filho, que estava a começar o auge da sua vida. Era um jovem bondoso, trabalhador e profundamente respeitado. Saif construiu um negócio de sucesso em Tampa e era conhecido pela sua generosidade, ambição e ligação à sua herança palestiniana”, recordou a família, de acordo com o The Guardian.
الصحة: ارتقـ،ـاء الشاب سيف الدين كامل عبد الكريم مصلط (٢٣ عامًا)، جراء الاعتداء عليه بالضرب الشديد في مختلف أنحاء الجسد من قبل المستوطنين في بلدة سنجل شمال رام الله. pic.twitter.com/Jb5HiWMHnB
— ق.ض (@Qadeyah1) July 11, 2025
Um segundo jovem, Mohammed al-Shalabi, de 23 anos, também foi morto no mesmo confronto com os colonos, depois de ter sido baleado no peito, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos disse estar “a par dos relatos da morte de um cidadão norte-americano na Cisjordânia”, mas recusou tecer mais comentários “por respeito à privacidade da família e dos entes queridos” da vítima.
Por seu turno, as Forças de Defesa de Israel (IDF) também disseram estar “a par dos relatos sobre a morte de um civil palestiniano e de vários palestinianos feridos em resultado do confronto”, tendo assegurado que as ocorrências “estão a ser analisadas pela Agência de Segurança de Israel (ISA) e pela Polícia de Israel”.
Ainda assim, o exército apontou que “os terroristas atiraram pedras contra civis israelitas nas imediações de Sinjil”, tendo provocado dois feridos ligeiros.
“Na zona, desenvolveu-se um violento confronto entre palestinianos e civis israelitas, que incluiu vandalismo de propriedade palestiniana, fogo posto, confrontos físicos e arremesso de pedras”, complementou, citado pela BBC.
Os militares acrescentaram ainda que os soldados, a polícia e as forças paramilitares da Polícia de Fronteira foram enviados para a área e “usaram meios de dispersão de tumultos em resposta ao confronto violento”.
Dezenas de colonos israelitas e palestinianos já tinham entrado em confronto há uma semana naquele local, de acordo com jornalistas da AFP ali presentes.
Pelo menos 954 palestinianos foram mortos por soldados ou colonos israelitas, segundo uma contagem da AFP, que teve por base dados da Autoridade Palestiniana.
Além disso, pelo menos 36 israelitas, incluindo civis e militares, foram mortos em ataques palestinianos ou durante operações do Exército de Israel, conforme os dados disponibilizados por Telavive.
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